Ingleses recorrem a bancos alimentares para enfrentar crise
O núcleo da Europa do capital monopolista, formado pela tríade França, Alemanha e Grã-Bretanha, potências imperialistas, não consegue mais mascarar o fato de que não há, na Europa ou no mundo, qualquer país a salvo da profunda e prolongada crise que vai corroendo as estruturas do sistema capitalista internacional.
Na França o desemprego bateu o recorde histórico de 1997, chegando ao número de 3,22 milhões de pessoas sem ter como se sustentar. Somando-se a esse dado o número de desempregados nos territórios sob domínio francês em outros continentes e de trabalhadores que estão vivendo de "bicos", o número de pessoas sem trabalho na França ultrapassou pelo primeira vez a marca de cinco milhões de cidadãos.
Na Alemanha, onde a "chanceler" Angela Merkel arrota "estabilidade" para tentar impingir alguma legitimidade aos desmandos dos bancos germânicos nas nações periféricas do capitalismo europeu, uma das maiores transnacionais do país, a Volkswagen, vem chantageando os trabalhadores de suas fábricas para aceitarem um acordo de "moderação salarial".
Pressionado pelo capital, o proletariado alemão ora se esmera para não dar brecha aos patrões. Em vez de negociar salário menor, exigem melhores remunerações. No último dia 2 de maio, cerca de 50 mil operários metalúrgicos alemães de mais de cem fábricas diferentes saíram às ruas exigindo aumento salarial de 5,5% para um total de 3,7 milhões de trabalhadores da categoria.
Enquanto Merkel insiste em cantar de galo, os indicadores da economia capitalista que ela administra para o bancos e os monopólios mostram que basta apenas mais um trimestre de diminuição na produção econômica, como foram os dois últimos, para a Alemanha entrar oficialmente em recessão. Pesquisas mostram a burguesia alemã cada vez mais pessimista com o futuro, o seu próprio futuro.
Na Grã-Bretanha, onde os chefes políticos costumam ostentar a libra esterlina como garantia de qualidade do seu também podre capitalismo, a sanha de políticas antipovo, referenciada polidamente como "austeridade", fez o número de pessoas que precisam recorrer à ajuda de bancos alimentares quintuplicar desde 2010. De abril de 2012 a março de 2013 um total de 347 mil pessoas foram pelo menos uma vez buscar kits de alimentos não perecíveis, um aumento de 170% em relação ao igual período entre 2011 e 2012.
A entidade que organiza os bancos alimentares na Grã-Bretanha informa que muitas pessoas que recorrem à sua ajuda não estão desempregadas, mas simplesmente "não ganham o suficiente numa economia em que os preços continuam a subir e os salários continuam a baixar".
73 milhões de jovens desempregados
Não há mesmo nação imune à crise do sistema de exploração do homem pelo homem. Um estudo divulgado no último dia 8 de maio pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostrou que um total de 73,4 milhões de jovens (com idades entre 15 e 29 anos) estão desempregados em todo o mundo, e subindo. Trata-se de 12,9% das pessoas desta faixa etária. Na América Latina, o índice é acima da média: 13,2%.
O número de jovens desempregados no mundo é maior em 3,5 milhões de pessoas em relação à medição de seis anos atrás, em 2007. Nos países centrais do capitalismo o desemprego jovem disparou 24,9% entre 2008 e 2012, um verdadeiro atestado de atolamento na crise.
São números oficiais, com todos os vícios, malabarismo e estratagemas que as contas para se chegar a eles costumam ter. Entre os artifícios que os órgãos internacionais do imperialismo costumam usar quando se metem a contabilizar o número de pessoas sem trabalho está o de praticamente ignorar o subemprego e a semi-escravidão, que no cenário da crise geral se espalham como ervas daninhas, muitas vezes com apoio dos "governos" de turno mundo afora.
Um exemplo: segundo o estudo da OIT, os menores índices de desemprego juvenil do mundo são da Ásia Oriental (9,5 %) e na Ásia Meridional (9,3%), justamente onde crianças e jovens são explorados pelas transnacionais ianques e europeias sob condições draconianas, sem direitos trabalhistas, sob salários de fome e em condições de trabalho para lá de precárias, sujeitos, por exemplo, a acidentes, incêndios e desabamentos frequentes, como os últimos acontecimentos de maior repercussão internacional nas fábricas têxteis do Bangladesh estão aí para provar.