Uma brilhante reportagem dos jornalistas Lúcio de Castro e Gabriela Moreira, publicada e levada ao ar em maio, ajudou a jogar ainda mais luz sobre a farra das obras em estádios de futebol na semicolônia Brasil – farra promovida pelo velho Estado e as grandes empreiteiras com recursos públicos – e a desmistificar a contrapropaganda enganosa do gerenciamento petista e dos patrocinadores do torneio mundial de seleções de futebol marcado para 2014 no Brasil de que a Copa do Mundo que se avizinha será "a copa do povo".
Lúcio de Castro e Gabriela Moreira, repórteres da ESPN Brasil, fuçaram documentos e descobriram um baita conflito de interesses no processo que permitiu, para alegria das construtoras, a derrubada da marquise do estádio Mário Filho, o Maracanã, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan).
O arranjo consistiu no seguinte: as obras de mudança da arquitetura do Maracanã, ou seja, o atropelo do tombamento do projeto e do conceito do estádio para atender às exigências da Federação Internacional de Futebol (Fifa), só foram possíveis graças a uma autorização dada por um arquiteto que na época do aval tinha matrícula na Secretaria de Obras do estado do Rio de Janeiro (parte requerente) e ao mesmo tempo ocupava o posto de superintendente do Iphan, e que hoje, após missão cumprida no Instituto, ocupa cargo no governo fluminense, em outra secretaria, remunerado com R$ 10 mil mensais.
A aparente manobra para driblar o imperativo destombamento do Maracanã (algo que necessitaria da assinatura da presidência da República, ônus que Dilma não quis assumir) e assim atender aos interesses da Fifa e de empreiteiras amigas do "governador" Sergio Cabral suscitou, uma vez escancarada, reação do Ministério Público Federal e do autor da proposta de tombamento do Maracanã, que chegou a ser citado no infame parecer pró-Fifa, pró-Cabral e pró-empreiteiras em tentativa de embasar a decisão, quase que como um grande deboche.