Em mais um exercício de mistificação das massas, Dilma Rousseff lançou outro programinha compensatório, o Minha Casa Melhor, contando com os recursos do FGTS. Na ocasião, comparou os críticos do seu governo ao Velho do Restelo, um personagem de Luís de Camões, que, segundo ela, era um agourento.
A interpretação de conveniência, recomendada por algum marqueteiro de plantão, não considerou que, entre os estudiosos da obra camoniana, predomina a interpretação de que a fala do ancião, na praia do Restelo, longe de significar o conservadorismo e o derrotismo, simbolizava o pessimismo com o futuro da pátria e o repúdio a um projeto expansionista. Ao comparar o venerando personagem com os discordantes do seu governo, faltou a Dilma a sensibilidade de estadista para perceber que a visão pessimista destes, mais tarde, se confirmaria.
Com um diagnóstico equivocado da situação político-econômica vigente, Dilma não consegue distinguir o pessimismo justificável da sociedade com um governo entreguista da aposta no fracasso das ações governamentais. Por essa razão, é surpreendida com a mobilização das massas, insatisfeitas com os péssimos serviços públicos, na forma de manifestações vulcânicas, que lançam lavas para todas as regiões do país.
O pessimismo do Velho do Restelo se comprova e acontece o que o governo mais temia: o povo ganha as ruas e delas não quer sair, sem o atendimento aos seus anseios. É o sinal de que a mistificação das massas pela propaganda política começa a perder força. Dialeticamente, a mistificação vai engendrando a mobilização popular, isto é, a consciência ingênua do povo cede lugar a uma consciência crítica, capaz de sacudir os alicerces de uma classe dominante exploradora e impatriótica.