
Bombeiros socorrem ferido em desabamento em SP.
O operário maranhense Gleidson da Silva Feitosa (pintor) foi resgatado com vida dos escombros do prédio que desabou no município de São Matheus na manhã de 27 de agosto. Ainda chocado pelos acontecimentos, ele tentou explicar o que ocorreu no momento do desmoronamento. O comitê de apoio ao AND em São Paulo acompanha os trabalhos de resgate das vítimas e os desdobramentos do desabamento.
Gleidson trabalhava há mais de três anos na empresa Salvatta Engenharia Ltda, contratada para fazer serviço para a Rede Torra Torra (loja de roupas populares, cama, mesa e banho). Segundo ele, quando chegou à obra o prédio já estava erguido e que iam fazer escoramentos nas lajes para reforçá-la. Ele afirma que os operários comentavam sobre o perigo de desabamento da laje e que fizeram a limpeza da laje superior, que tinha muitos materiais, como tijolos, madeiras e etc., e as colunas de concreto eram fracas e não suportariam o peso.
A obra já havia sido multada duas vezes antes, mas mesmo assim seguiu funcionando a pleno vapor. Vizinhos afirmam que os operários trabalhavam sem descanso, inclusive aos fins de semana.
Segundo o operário, a obra não possuía alvará e, após o desabamento, ninguém assumiu a culpa. O delegado Luiz Carlos Unzelin, do 49º Distrito Policial, em São Mateus, declarou que se a prefeitura tivesse pedido o auxílio da polícia para o embargo, a obra teria sido paralisada. O subprefeito de São Matheus, Chico Marcenas, deixa dúvidas a respeito de irregularidades apontadas pela fiscalização, além de tentar se eximir de sua inoperância e diz que: “Mesmo que a obra fosse liberada, toda responsabilidade técnica de execução é do proprietário e do engenheiro civil responsável”.
A rede Torra Torra afirma que não era o responsável pelo prédio e que só o seria após a vistoria realizada por uma empresa contratada.
Os bombeiros trabalham ininterruptamente desde o desabamento à procura de sobreviventes e corpos, pois há relatos de que havia vários trabalhadores no local.
Gleidson relatou que quando estava debaixo dos escombros, escutava os gritos de desespero dos colegas e que sentia muito cheiro de gás no local. Seu colega Rubens estava com um rádio e conseguiu falar com os bombeiros e eles foram localizados, receberam uma garrafinha de água e tentaram se acalmar. Após ser resgatado, Gleidson ficou dividido entre a felicidade por estar bem e a tristeza e revolta pela morte de seu primo Felipe no mesmo desabamento.
Até a manhã de 29 de setembro, nove corpos de trabalhadores haviam sido retirados dos escombros e 26 feridos foram encaminhados para vários hospitais da região.