
Moritz Erhardt
As grandes companhias capitalistas transnacionais costumam apregoar os seus programas de estágio e de "trainee" como autênticas maravilhas, jóias do mundo das "oportunidades" – oportunidades de uma carreira sólida e de um salário digno – que, dizem, só este modelo de relações de produção e de trabalho pode proporcionar. Incentiva-se a disputa acirrada, quase que a tapas, por uma vaga de aspirante a contratado em uma grande empresa, seja financeira, seja industrial.
Não raro, as administrações dos países de capitalismo avançado (e apodrecido) e os gerenciamentos das semicolônias do mundo manejam os números dos programas de estágio e trainee mantidos pelas grandes corporações a fim de incrementar os dados oficiais sobre o mercado de trabalho, sempre no sentido de tentar minimizar a realidade do desemprego. Vide a semicolônia Brasil, cuja gerência de turmo, petista, arrota "pleno emprego" nos discursos feitos em Brasília, ainda que a realidade do campo e das cidades seja a do subemprego, do trabalho precário, "informal", com salários de fome e direitos historicamente conquistados pelas classes trabalhadoras sendo diária e sistematicamente destruídos pela dobradinha oportunismo-patrões.
Não obstante toda a contrapropaganda de sempre sobre os programas de estágio e trainee, que visa, por prestidigitação, transmutar a exploração do homem pelo homem em um mar rosado de "oportunidades" e "ascensão social", um episódio dramático e extremo ocorrido em Londres, Inglaterra, há poucas semanas, destes que chamam a atenção para um mal corriqueiro e generalizado, dá conta da realidade da utilização da mão de obra jovem pelas velhas raposas empoleiradas nas chefias das grandes corporações transnacionais ora agonizando em crise, da alardeada "meritocracia" cultivada pelos detentores do grande capital e do que um jovem hoje precisa fazer no mundo do sistema capitalista internacional para ter um salário decente no fim do mês.