A zona portuária do Rio de Janeiro, após anos de abandono, está sendo revitalizada. Para a realização do projeto, a prefeitura concedeu os direitos de exploração a um consórcio formado por várias empresas, a Porto Novo. A concessionária terá direitos sobre a exploração até 2025 e deve realizar obras na região, revitalizando-a econômica e culturalmente. A ideia é remodelar toda a região portuária, a exemplo do que ocorreu em Barcelona e Buenos Aires.
Os projetos de "revitalização" de zonas "degradadas", muitas vezes zonas portuárias, obedecem a uma tendência mundial. Segundo a professora e pesquisadora Sharon Zukin, da Universidade da Cidade de Nova Iorque, "Nos últimos anos, as pressões para o ajuste às normas do mercado global têm criado programas de reestruturação urbanas surpreendentemente similares. (...) Em qualquer região do mundo, a paisagem resultante é, ao mesmo tempo, mais similar ou global, e mais diferente ou local do que antes parecia ser".
Teoricamente, este processo tem sido chamado de gentrificação. O termo começou a ser utilizado na década de 1960 pela socióloga britância Ruth Glass. Ela observou que a classe média britânica começava a abandonar os subúrbios residenciais nos quais havia se refugiado nas décadas anteriores e retornava ao centro da cidade, antigo e desvalorizado, modificando a composição social do local. Em resumo: saiam os pobres e entrava a classe média.
Este foi um processo que começou nos anos de 1960 em Londres e no USA e que nas décadas posteriores se espalhou pelo mundo. Em geral, para promover essa remodelação das políticas urbanas há uma associação entre o Estado e o capital financeiro. O Estado, na maior parte das vezes, atua em ações de revitalização do patrimônio histórico e o capital financeiro, por sua vez, transforma a memória e história da cidade em mercadoria cultural. E uma mercadoria a ser vendida muito cara.