
Passeatas, assembleias lotadas e ocupação marcaram uma das mais combativas greves da rede pública de ensino do Pará.
Em 23 de outubro, a greve dos professores da rede estadual do Pará completou um mês. Um dia antes, 22, centenas de educadores realizaram uma manifestação incendiando pneus e bloqueando uma rodovia que liga a Região Metropolitana de Belém ao interior do estado.
Cansados das promessas de sempre e das "mesas de negociações" por parte da gerência Simão Jatene (PSDB), os profissionais se reuniram em assembléia no dia 18 de setembro, dando início ao movimento grevista cinco dias depois.
A luta da categoria é por melhores condições de trabalho, salários decentes, o pagamento retroativo do piso salarial de 2011 e que o plano de carreira inclua todos os servidores da área da educação. A Secretaria de Educação diz que a greve parou 30% das escolas, mas o sindicato afirma que o número é de 85%. Estudantes e pais também se somaram ao movimento denunciando a falta de estrutura nas escolas, turmas lotadas, sanitários destruídos, falta de merenda de qualidade, etc. Problemas muito semelhantes com os verificados no sistema educacional no resto do país.
Além das mentiras por parte do monopólio da imprensa que, como sempre, tentou difamar o justo movimento grevista, antes mesmo do início da paralisação uma juiza decretou a greve como "abusiva".
O oportunismo também cumpriu seu papel. Segundo nota lançada pela Liga Operária no início de outubro "a direção majoritária do Sindicato, comandada pelos pelegos do PSOL, tentou adiar ao máximo a greve, utilizando os ‘surrados’ argumentos que todos os anos são repetidos: a categoria não quer lutar, temos que preparar melhor a greve, a conjuntura não é favorável, a sociedade vai ficar contra o movimento e etc".
No dia 24 de outubro, o Ministério Público do Estado do Pará recomendou que houvesse corte de ponto e desconto da remuneração relativa aos dias de falta de todos os profissionais que se recusarem ao retorno imediato das atividades, independente da declaração de ilegalidade do movimento grevista. A promotora Maria das Graças Corrêa Cunha, que assinou o infame ofício, alegou que deve ser assim "face aos abusos cometidos pela categoria no exercício do direito de greve".
Até o fechamento deste artigo, no final da tarde de 24/10, os professores da rede estadual decidiram manter a paralisação e o prédio da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) estava ocupado.