Afeganistão: Tratado de subjugação nacional
Rafael Gomes Penelas
Em 21 de novembro último, meios de comunicação internacionais informaram que entre 10 e 15 mil soldados invasores podem permanecer no Afeganistão após a “retirada” das tropas da Otan prevista para o fim de 2014. O “presidente” Hamid Karzai anunciou ter assinado um acordo bilateral de “segurança” com o USA que permite que as forças ianques fiquem no país até 2024 e determina que elas estarão sujeitas à própria justiça do USA.
“Se for assinado, entre 10 mil e 15 mil soldados [das forças imperialistas] permanecerão. Quando digo ‘soldados’ não falo apenas de americanos, mas também de tropas procedentes de outros países da Otan, como Turquia ou outros países muçulmanos”, declarou o lacaio Hamid, afirmando ainda que tal acordo pode levar “estabilidade” ao país (leia-se combater a resistência anti-imperialista): “Este acordo pode nos oferecer um período de transição para alcançar a estabilidade nos próximos 10 anos”.
Hamid Karzai deu suas pífias declarações diante de 2,5 mil delegados durante a inauguração da Loya Jirga, a “grande assembleia afegã”, reunida na capital Cabul.
“É um prazer poder dizer que após uma série de conversas com o presidente Karzai ao longo desta manhã chegamos a um acordo sobre a linguagem final de nossa relação bilateral que será apresentado à Loya Jirga amanhã”, anunciou o secretário de Estado ianque, John Kerry, em entrevista coletiva no dia 21. Kerry ainda disse que, após a “saída” da Otan, o USA só se encarregará de treinar, equipar e assistir as forças de repressão do país.
O tratado de subjugação nacional deve definir a modalidade de uma presença militar ianque no Afeganistão após o término da missão da Otan. O “acordo” será enviado ao parlamento, se a assembléia aprovar, antes da eventual promulgação por Hamid.
O acordo ainda define que as tropas assassinas do USA utilizarão bases afegãs e poderão, em “casos excepcionais”, entrar em imóveis em busca de suspeitos de “terrorismo”. Em troca da imunidade judicial para os soldados invasores, o governo mercenário afegão, dando provas de sua sabujice, aceitou continuar recebendo a “ajuda financeira” de 4 bilhões de dólares, porém com cortes previstos para os próximos anos.