Em se tratando de protestos populares, o final de 2013 na Europa foi como o transcorrer de todo o ano: de sublevação das massas contra o draconiano arrocho que vem sendo imposto pelos monopólios e órgãos de governo europeus aos trabalhadores desde que a crise geral do capitalismo purulou no continente na forma de “crise da dívida”.
Neste fim de ano chamou a atenção especialmente os protestos que varreram a Espanha no fim de novembro contra as infindáveis medidas anti-povo do gerenciamento Mariano Rajoy. No fim de semana dos dias 23 e 24 daquele mês dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas de cerca de 50 cidades do país em defesa dos serviços públicos e contra a disparada do desemprego, da pobreza e dos infames despejos de milhares de trabalhadores que, sob o arrocho, deixaram de ter condições de arcar com o pagamento das moradias onde abrigam suas famílias.
Na véspera dos protestos agigantados, Mariano Rajoy manifestou sua intenção de promover na Espanha uma “segunda rodada” de reformas nas leis trabalhistas. O orçamento espanhol para 2014 prevê dramáticos e adicionais cortes de verbas para a educação, a saúde, a cultura e a seguridade social.
Especialmente mobilizados e combativos nas jornadas do fim de novembro na Espanha foram os trabalhadores da limpeza urbana da capital Madri, ameaçados por uma redução salarial de 40% e pela possibilidade de mais de mil demissões.
Acossado pelas marchas retumbantes das classes populares, Rajoy ora tenta esvaziar as ruas do país dando tons claramente fascistas à legislação. O gerenciamento espanhol está tentando aprovar duas leis neste sentido: uma estipula multas que vão dos 30 mil aos 600 mil euros a pessoas que participem ou convoquem manifestações não autorizadas pela polícia; a outra visa aumentar a manutenção de mais de 40% do funcionamento de serviços públicos em caso de movimento grevista, em um claro ataque ao direito de fazer greve naquele país.