Foto: Gabriel Ivan
Nas vésperas de natal, os telejornais, redes sociais e rádios de todo o país divulgavam fotos, notas e matérias que associavam a morte de um dos caciques das aldeias Tenharim, conhecido como Ivan, ao desaparecimento de cinco pessoas, dos quais três foram registrados como desaparecidos.
O clima de tensão é evidente na cidade e nas proximidades. Assim que partimos de Porto Velho, Rondônia, e chegamos na travessia do Rio Madeira aguardamos sob ordens da Polícia Federal a passagem de um caminhão de grande porte, escoltado por um comboio de viaturas do Comando de Operações Táticas (COT) que, segundo informações, continha um radar de alta tecnologia infra-vermelho encaminhado para dar continuidade às buscas dos desaparecidos.
Ainda na travessia do rio a população que ali estava à espera de retornar a cidade no Sul do estado do Amazonas dialogava a respeito dos acontecimentos utilizando termos preconceituosos em um tom violento contra os índios.
No caminho para a primeira aldeia, já na BR-320-Transamazônica, nos deparamos com três famílias Pirahams que saíram de sua aldeia devido à cheia dos rios, e refugiaram-se a 100 m da estrada. Tendo em vista que esta etnia não possui informações dos atuais acontecimentos, os Pirahams estão sendo diretamente afetados, devido a ausência da FUNAI, SESAI e outros órgãos responsáveis. Estes Pirahams tiveram seu primeiro contato com os ‘homens brancos’ nos últimos cinco anos e possuem pouco domínio de outro idioma.
Durante o percurso da viagem feita na Transamazônica, paramos em quatro aldeias, respectivamente: Vila Nova, Marmelo, Bela Vista e Tracuá, todas com poucos suprimentos alimentares, remédios e outras necessidades básicas.