
Protesto contra programa de tv Benefits Street
Na última edição de A Nova Democracia, este jornal mostrou que a entrada em vigor da livre circulação de trabalhadores romenos e búlgaros na União Europeia representava menos liberdade e mais precariedade para o mundo do trabalho na Europa chafurdada na crise geral, e que à espera do proletariado de malas prontas para emigrar atrás de melhores condições de vida estaria o cruel jogo de aproveitamento e descarte que sempre foi a tônica da relação da Europa do capital monopolista com trabalhadores imigrantes. As poucas semanas subsequentes mostraram que as “autoridades” dos Estados-membros da UE já se esmeram para estreitar a malha da sua peneira xenófoba, na qual os trabalhadores imigrantes que não são aproveitados por empreiteiros e industriais sedentos por mão de obra barata e precarizada são tratados como “criminosos”, “vagabundos” e “parasitas”.
Na Suíça, o “governo” anunciou intenção de expulsar do país os trabalhadores imigrantes que estejam há mais de um ano desempregados. O projeto de lei será votado em breve, e os estrangeiros aposentados que vivem no país na companhia de parentes e que não provem que têm meios para se sustentar sozinhos no alto custo de vida suíço também podem ser deportados.

Mulheres enganadas pelo Channel 4.
Na França, já se escreveu nos jornais do monopólio da imprensa matérias em que os romenos são qualificados de “nação de criminosos perigosos” e em que foi dito que a mão estendida para esmolas é a “saudação nacional romena”. O gerenciamento da Romênia, cúmplice da exploração e da humilhação do povo do país no estrangeiro, agora se faz de rogado, exigindo “desculpas” de jornalistas franceses, após ter se sentado à mesa com os artífices da União Europeia ao longo da última década negociando o país e seu proletariado com a Europa do capital monopolista.
Em outro país central do capitalismo europeu, a Inglaterra, uma das maiores emissoras de TV local, a Channel 4, colocou no ar no início de janeiro uma série “documental” intitulada “Benefits Street”, na qual britânicos pobres e imigrantes desempregados que moram na rua James Turner, na cidade industrial de Birmingham, são retratados em seu dia-a-dia como aproveitadores e parasitas a viverem dos “benefícios” do Estado, como o título da série já insinua.
Os protagonistas da série se dizem enganados, afirmando que os produtores do Channel 4 haviam lhes dito que a produção seria levada ao ar sob o título “Community Spirit” (“Espírito de Comunidade”), e que julgavam que seriam retratados não como oportunistas, como afinal acabou sendo, mas sim como trabalhadores pobres que convivem com imensas dificuldades de sobrevivência, com uma rotina de preconceitos e humilhações, mas com um profundo senso de solidariedade.