Pouco a pouco, a cada vez que o telefone fica mudo, que cai o sinal de internet; a cada anúncio de lucros fabulosos dos bancos privados que arremataram bancos públicos; a cada aumento dos preços do pedágio, e a cada novo pedágio; a cada notícia sobre um “investidor” de antigas empresas públicas entrando em listas dos mais ricos, enquanto as condições gerais de vida da população se degradam a olhos vistos; a cada prova de inutilidade das agências reguladoras, evidencia-se com maior nitidez que o processo de massivas privatizações do patrimônio público do povo brasileiro, iniciado no gerenciamento Collor, impulsionado por FHC e agravado durante o gerenciamento petista, é, em todo o seu conjunto, um imenso, prolongado e até agora impune crime de lesa-pátria.
As privatizações são um processo histórico balizado pelas requisições dos grandes monopólios internacionais, que passaram a exigir dos administradores e gerentes dos Estados imperialistas e das semicolônias que alienassem o patrimônio público ao redor do planeta, que afinal foi e ainda tem sido levado a cabo sob o discurso padrão da busca por mais eficiência, por preços mais baixos e da necessidade de o Estado “fazer caixa” e diminuir o seu peso sobre a economia.
Em uma semicolônia como o Brasil, entretanto, todo o processo se dá com suas características acentuadas e agravadas, com as empresas públicas vendidas a preço de banana em negociatas azeitadas com dinheiro público, deterioração da qualidade dos serviços, oligopolização e altos preços. Além disso, as agências estatais ditas “reguladoras” funcionam como parte da engrenagem de achaques, descaso e precariedade, sempre atendendo às demandas dos monopólios.