
Cartaz da Fundação Pierre: "12m² para um cartaz é normal, mas para uma família?"
Na Europa, continente palco de históricas lutas das massas trabalhadores, cujos direitos conquistados por meio destes embates com o capital vêm sendo aceleradamente destruídos por um draconiano arrocho imposto ao mundo do trabalho, as autoridades vêm insistindo na retórica do “fim da crise” e do “início da recuperação”, escorados em dados como a previsão de aumento exponencial dos lucros bancários (ver nesta edição de AND), e esperançosos de que sua contrapropaganda da expectativa de dias melhores por vir possa apaziguar a inquietação das ruas.
Na França, mais alguns dados se juntaram a tantos outros que desmentem a falácia oficialesca do fim iminente da crise geral. O número de pessoas que vivem em território francês e não têm onde morar duplicou nos último três anos, desde 2011, totalizando 141.500 indivíduos, dos quais 30 mil são crianças. Moram nas ruas. Não entram nesta conta os cerca de meio milhão que vivem em albergues públicos, pequenas pensões, barracas ou de favor em casas de terceiros. Os números são da Fundação Abbe Pierre e foram divulgados no último dia 31 de janeiro.
Entre os que recorrem aos abrigos, 900 mil encontram condições insalubres, sem abastecimento de água potável, aquecimento ou saneamento básico. Outras cinco milhões de pessoas correm risco de entrar nas estatísticas dos sem-moradia na França. São trabalhadores que, devido ao desemprego e à precarização do trabalho, enfrentam profundas dificuldades para pagar o aluguel.
A Fundação Abbe Pierre ressalta ainda o drama de cerca de um milhão de pessoas na França que vivem em casas próprias, mas que veem suas condições de habitação se degradarem porque não têm condições de realizar as manutenções necessárias nem tampouco de pagar contas como a de gás, água e luz.
Esta realidade na França se insere no contexto dos sucessivos recordes de desemprego na Europa (que passou a marca dos 12% na Zona do Euro e está nas taxas mais altas das últimas quatro décadas em países como a Itália, sem contar o desemprego exorbitante de 27,4% na Grécia e de 26,7% na Espanha) e do empobrecimento mesmo da população empregada em toda a União Europeia, fruto dos ataques aos direitos e aos salários.