
Famílias lutam por moradia no Nova Palestina
Empurrados para a pobreza por forças violentas do capitalismo, os pobres impuseram com combatividade o seu direito à moradia. Na zona Sul de São Paulo, um terreno de 1 milhão de metros quadrados, localizado no Jardim Ângela, foi ocupado por mais de 30 mil pessoas e é organizado pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto). Por conter um grande número de pessoas que foram expulsas de seus lares, a ocupação foi batizada de Nova Palestina.
— Nós viemos num ritmo de oitenta, noventa famílias por dia e fomos construindo nossas habitações com o que podíamos; usando ripas de madeira, paredes de lata, sacos plásticos para se proteger da chuva etc. Nos organizamos para manter a ocupação bem estruturada; todos ajudam e dividem os afazeres na comunidade, alguns cozinham, outros lavam, fazemos rondas noturnas, não há brigas e discussões — explica Faustino Antônio, morador da Nova Palestina.
Em pouco tempo o terreno vazio tinha desaparecido e se transformado em um mar imenso de choças e barracos, tão densamente povoado quanto uma cidade e habitado por personagens fantásticos – trabalhadores e trabalhadoras, idosos e crianças.
— Os governantes em conluio com os bancos e as grandes empresas dizem que nós, os pobres, somos a sujeira que o mundo não pode ver. Por isso, estamos vivendo nessa época de intensas remoções, despejos e eliminação de favelas em grande escala. É a campanha de “embelezamento” da Fifa — coloca Josefa Soares da Silva, que foi despejada de sua casa, na zona Leste, e hoje vive na ocupação.
Nas semicolônias, os pobres sempre devem temer os eventos internacionais de grande porte, que levam as autoridades a iniciar uma cruzada genocida e desumana de expulsão étnica, social e criminalização da pobreza — onde o despejo violento é uma ameaça iminente. Com a intensa especulação imobiliária, a única opção aparentemente deixada para os pobres é se expor em terrenos sujeitos a inundações, doenças e todo tipo de precariedades.