Formado somente por mulheres, o Charme do Choro é um dos representantes do gênero em Belém — PA, local onde está bem presente. Nascido a partir de uma oficina de choro, o grupo lançou seu primeiro disco com obras de compositores paraenses, algumas de sua autoria e tem conquistado o público de várias partes do país.
— Aqui em Belém tem um movimento de choro muito forte. Talvez nacionalmente não se tenha o conhecimento disso, mas é algo conhecido entre os chorões de várias localidades, que vez ou outra aparecem para participar de algum evento, oficinas. Vários grupos já passaram pela cidade — diz Camila, integrante do grupo.
— Mas a maioria dos chorões que atuam em Belém é daqui mesmo. São muitos os grupos, alguns bem antigos. É um pessoal que se interessou pelo gênero e pratica de verdade em rodas, lugares voltados.
— As rodas acontecem esporadicamente quando nos ligamos e marcamos, fora as fixas. Todos os domingos têm uma no Bar Casa do Gilson, especializada em choro e também no samba, porque esses dois acabam sendo meio irmãos — acrescenta.
Camila conta que a casa, conhecida como a mais tradicional do choro em Belém, tem mais de vinte anos.
— Uns vinte e seis, a minha idade. Pelo que sei, antes de pertencer ao Gilson, se chamava A Casa do Choro, e era muito frequentada pelos chorões da época. Após o falecimento do dono, eles começaram a ficar sem ter onde se encontrar.
— Passaram então a se reunir na residência do Gilson, que era também um frequentador da antiga A Casa do Choro. Desse movimento surgiu a casa que temos hoje — continua.
— É muito antiga a história do choro aqui em Belém, e bem forte. São vários grupos, não sei nem dizer quantos temos aqui. Inclusive, o livro Almanaque do Choro, que é bastante conhecido, publicou que Belém está se tornando já a terceira capital do choro no Brasil — afirma.
As meninas se juntaram para tocar depois que participaram de uma oficina de choro, do projeto Choro do Pará.
— Essas oficinas começaram em 2006, no Instituto de Artes do Pará, com aulas dos instrumentos peculiares do choro: bandolim, clarinete, flauta transversal, turmas de violão de 6 e 7 cordas, turmas de pandeiro e de cavaquinho — continua Camila.
— Nos conhecemos lá e no final do ano de 2006 apresentamos dois choros, isso só as meninas da oficina, que não eram muitas. Assim o grupo foi surgindo, se selecionando, se enxugando.