A gerência de Evo Morales, que já descumpriu inúmeras promessas feitas ao povo, entre elas a nacionalização dos hidrocarbonetos e minerais (a produção continua sendo feita por empresas estrangeiras, notadamente em zonas indígenas), se prepara agora para trair os índios e os camponeses do Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure (TIPNIS).
Depois que uma multidão marchou à capital em 2012 contra a construção de uma estrada que invadiria aquela área (AND no. 92), o vice-gerente García Linera descartou no ano passado a realização da obra, segundo noticiaram jornais do país, entre eles o Pagina Siete.
No entanto há poucos dias, 24 de julho, a gerência anti- povo voltou atrás.
O mesmo Linera, de maneira capciosa, declarou que a construção de uma estrada no TIPNIS (a qual ele disfarçadamente chamou de via de integração) “não só deve ser debatida, mas sim analisada com critérios técnicos” (jornal Opinión, Cochabamba, edição de 25 de julho).
A manobra traidora é evidente. Aquilo que se anunciou antes como coisa cancelada, para acalmar a grande revolta popular, agora não está mais. É fácil perceber que o plano, que só beneficia as ricas classes dominantes nacionais e internacionais, continua vivo. Ele tinha apenas sido disfarçadamente adiado.
Uma prova disso é que, enquanto a gerência arquiteta fórmulas para tentar enredar o povo, os serviços da rodovia não param. Em dezembro a construção do chamado trecho 1, que liga Villa Tunari (Cochabamba) a San Ignacio de Moxos (Beni), que não corta o TIPNIS mas é vizinho a ele, já registrava um avanço de 30%. Sua previsão de término é setembro de 2015.