As eleições de 2014 experimentam um limite. A essa altura está claro que as propostas mais à esquerda estão perdidas e, convenhamos, nem a direita em geral, nem o empresariado em particular, têm motivos sérios para temer o futuro. A situação é tão pouco diferenciada que o neoliberalismo predatório de Aécio, por sua própria estupidez, talvez seja a principal ameaça para a saúde econômica e para as elites do país.
Não é senão esse vazio de diferenças que permite que o debate fique reduzido ao desespero antievangélico e aos delírios sobre o Banco Central em relação à Marina, aos quilos de cocaína em relação ao já quase esquecido Aécio e ao comunismo/estatismo/assistencialismo de Dilma. Temas como o aborto, os direitos LGBT, a legalização das drogas (e sua relação com a violência nas periferias), o problema da distribuição de terras e as reivindicações das jornadas de 2013, como a tarifa zero e a violação dos direitos de manifestação, estão perdidos ou mergulhados em propostas tímidas e/ou vagas.
Antes de revelarem qualquer preocupação com a movimentação que tomou conta das ruas no ano passado, os principais candidatos parecem querer comprovar que as mudanças na democracia atual não se fazem pela organização coletiva na rua. Trata-se de um verdadeiro fechamento do Estado para as novas lutas e seus coletivos. Fechamento esse que deixa claríssimo aos movimentos que a luta pela democracia na atualidade realmente não pode ser feita via partido, representação e voto.