Os candidatos que se apresentam em oposição à atual presidente, com chances - tanto Marina, como Aécio – dizem-se defensores da “liberalização” da economia brasileira.
2 Na verdade, adotam ostensivamente o projeto pró-imperial, como decorre não só de seus “programas”, mas também de suas trajetórias e de quem os financia; do apoio da grande mídia, instrumento tradicional dos concentradores econômicos transnacionais e locais; dos formuladores de suas políticas econômicas, ligadíssimos à oligarquia financeira angloamericana.
3 A atual presidente, tal como Lula, tampouco significa a perspectiva de que o Brasil reverta a lamentável condição a que tem descido desde o golpe de 1954, quando se institucionalizou a dependência financeira e tecnológica, através da desnacionalização da indústria e dos demais setores da economia.
4 Os governos do PT consolidaram esse processo, acelerado por mandatários radicalmente servis ao império angloamericano, como Collor e FHC, investidos na presidência por meio de golpes eleitorais em 1989, 1994 e 1998.
5 Os petistas diferiram deles, principalmente ao: a) reduzir um pouco as taxas de juros, o que não evitou a dívida pública crescesse, nem a conta anual dela, a qual consome 40% das receitas públicas; b) aumentar o valor real do salário mínimo e ampliar as políticas sociais; c) elevar substancialmente a oferta de crédito, através dos bancos públicos, e os investimentos em infra-estrutura, cujos resultados não têm sido proporcionais ao volume de dinheiro provido a baixo custo.
6 Tais empréstimos têm feito acentuar a concentração e a desnacionalização, pois favorecem as grandes empreiteiras, grupos concentradores, sobretudo, transnacionais. O mesmo efeito resulta das “parcerias público-privadas (PPPs), em que o Estado banca o capital, assume o risco, e os parceiros privados obtêm lucro garantido.
7 Isso decorre das reformas desestruturadoras impostas pelo império angloamericano, aceleradas desde 1990, em função das privatizações e da deterioração da administração pública.
8 Esta adveio de: a) a colocação dos setores-chave da economia sob o comando das agências reguladoras, infiltradas por “técnicos” ligados às transnacionais estrangeiras; b) óbices inseridos na legislação, como a lei de licitações e as restrições ambientais para tolher o desenvolvimento; c) queda de qualidade dos quadros da administração; d) temores desses quadros de assumir responsabilidades, sob a mira do Ministério Público, influenciado por ONGs financiadas pela oligarquia financeira estrangeira, e em face do TCU, sobre o qual agem essas e outras forças contrárias aos interesses nacionais.
9 Nesse contexto, o PIB ainda cresce, devido, em grande parte, à produção e à exportação intensivas de recursos naturais. Mas o pesado déficit que se vem acumulando nas transações correntes com o exterior, denuncia as terríveis deficiências estruturais da economia brasileira.
10 Entre essas, o gap (hiato) tecnológico que a distancia das economias dos países que não entregaram suas empresas ao controle de transnacionais estrangeiras, como até a pequena Coreia.
11 Esse hiato já era muito grande, nos anos 80, e só fez aumentar desde então, dado que a entrega do mercado brasileiro às transnacionais, iniciada em 1955, continuou acelerando-se, e tecnologia só se desenvolve onde há empresas nacionais competindo no mercado interno e, depois, passando a exportar bens de elevado valor agregado.
12 Além disso, o Brasil é sugado pelo endividamento, numa intensidade inacreditável, mormente a partir da crise da dívida externa de 1982, que não foi negociada soberanamente. Ao contrário, os governos submeteram-se ao “sistema financeiro internacional” nessa e em posteriores crises.