Espaço literário no meio de uma feira de antiguidades e colecionismo, em São Paulo, o projeto Autor na Praça apresenta poesias, saraus, cantorias e manifestações da cultura popular. Atingindo um grande número de pessoas, o projeto busca difundir literatura e outras formas de artes, e promover um encontro corpo-a-corpo de autores e público.
— A ideia do Autor na Praça começou quando eu e alguns amigos recepcionamos Mario Lago aqui em São Paulo para o lançamento de um livro seu, em 1998. O levamos para almoçar no restaurante Consulado Mineiro, que em 1949 era a casa de sua família — conta Edson Lima, idealizador do projeto.
— O Consulado funciona na Praça Benedito Calixto, onde acontece, aos sábados, uma feira de artes, cultura e lazer, e esse dia era um sábado. Como sempre comentávamos que faltava um espaço literário ali, tivemos a ideia de fazer uma tarde de autógrafos na praça — continua.
— Mas Mário Lago estava ocupado com muitos projetos na época e essa ideia só veio a se concretizar um ano depois, e com o Plínio Marcos, que fazia uma nova edição do livro Querô. A partir desse evento, em maio de 1999, começou o coletivo Autor na Praça.
O projeto é uma iniciativa de Edson Lima com o poeta e jornalista Fred Maia, o jornalista Mouzar Benedito, o designer gráfico Marcelo Max, o autor Plínio Marcos e colaboradores.
— Muita gente estava acostumada a ver o Plínio pelo Centro de São Paulo, nas portas de teatros, eventos, oferecendo seus livros de maneira mambembe, um camelô, por ter sido censurado pelo regime militar — fala Edson.
— Infelizmente o Plínio teve alguns problemas de saúde depois disso e em novembro viajou fora do combinado, como diz nosso grande amigo Rolando Boldrin — lamenta.
— Assim o espaço, que é uma tenda coberta por lona, e fica no meio da feira em plena praça, passou a se chamar Espaço Plínio Marcos.
O projeto completou 15 anos de existência seguindo a mesma linha, mas permitindo inovações.
— A ideia de um espaço literário aberto continua sendo o ponto central, mas ao longo desses anos fomos reunindo também cartunistas, cantadores, poetas, cordelistas e o projeto foi tomando um formato diferente.
— Essa interação com outras linguagens permite que às vezes aconteça um sarau literário no meio da praça. Pode também virar um espaço musical e tudo o mais que tem a ver com a cultura popular brasileira — continua.