Um dos nomes mais importantes do cinema novo e autor de canções que viraram clássicos, o cantor, compositor e diretor de cinema Sérgio Ricardo está de volta ao circuito com o curta Pé Sem Chão. Tratando de problemas sociais vividos por grande parte da população pobre do Rio de Janeiro, o filme teve sua estreia durante o Festival de Cinema do Rio.
— Foi um filme feito com uma turminha aqui do Vidigal, onde moro, que são profissionais jovens de grande talento para a música e o cinema — conta Sérgio Ricardo.
— São pessoas que têm interesse em trabalhar com cultura e formam uma parceria muito interessante comigo, me incentivando a levar pra frente meus projetos — continua.
— Encaramos um sistema de produção em que o dinheiro não aparece, de forma que fizemos um filme na base do amor. E posso dizer que saiu uma coisa muito bonita, bem feita.
Nascido em Marília, interior de São Paulo, Sérgio Ricardo começou a estudar piano aos oito anos de idade. Em 1952 mudou-se para o Rio e passou a fazer parte do núcleo de compositores da bossa nova. Lançou LPs e CDs, participou de festivais de música.
Sempre envolvido com problemas políticos e sociais, compôs músicas nesse sentido que originou a trilha sonora de filmes do cinema novo. Em Pé Sem Chão, além de dirigir, Sérgio atua, narra e assina a poesia e trilha sonora, que é a música Palmares, uma parceria sua com Capinam.
— A produção durou três meses e foram dois dias de filmagens. Costumo dizer que trabalhar com cinema para mim é uma cachaça, algo realmente animador, contar histórias com vida música e poesia — expõe.
— Essa união entre música e imagem é algo que gosto muito, e o filme é uma espécie de volta ao cinema novo, devido a temática e a forma com que é abordada. A intenção é de se fazer arte com a realidade brasileira.
Assim como na música, Sérgio se inspirou de alguma maneira em sua vivência, naquilo que conhece para compor a história.
— É sobre a remoção na favela, as remoções que muitas vezes acabam em incêndio, como em São Paulo, por exemplo, que incendiaram todo o morro. E aqui é assim também.