Incansável na luta em favor da poesia, o jornalista e poeta Castelo Hanssen foi um dos pioneiros a fazer o que se chama hoje sarau, mas que entre amigos era um recital aberto de poesia. Apesar de sérias limitações em sua saúde, Castelo faz saraus, escreve livros e mantém coluna semanal de prosa em um jornal de Guarulhos, SP, onde mora.
— Faço poesias desde pequeno, mas não mostrava para ninguém, a não ser para meus pais. Conheci alguns amigos que também gostavam de poesia e nos encontrávamos para bater papo, trocar informações sobre literatura, cultura e política — lembra Castelo.
— Nessa época aconteceu um ‘Encontro de poetas de Mauá’. Tivemos a oportunidade de conhecer vários outros poetas da região. Fiquei em quarto lugar e tudo isso me incentivou,.Assim resolvemos fundar uma entidade chamada ‘Colégio Brasileiro de Poetas’.
Castelo e seus companheiros passaram a se reunir uma vez por mês em um ‘Encontro livre de poesia’ e assim começaram a surgir os saraus.
— Também fui fundador e membro do Colégio Brasileiro de Poetas de Mauá e ajudei a desenvolver o movimento cultural na cidade. Em 1977, vim para Guarulhos trabalhar na Folha Metropolitana e mais tarde ajudei a criar o jornal Olho Vivo, do qual hoje sou aposentado — conta.
— Aqui fiz amizade com um professor de português que me incentivou a fazer aquele encontro de poesia em Guarulhos também, e surgiu o ‘Grupo literário letra viva’. Às vezes também fazíamos saraus abertos em praças e ruas.
—Passei também a apresentar poesias em escolas. Entre outras, me chamou atenção crianças com menos de sete anos de idade declamando e contando historinhas. Isso mostra que toda criança tem capacidade. O que acontece é que muitas vezes não é dado oportunidade para que isso se desenvolva — constata.
Atualmente, Castelo Hanssen promove um sarau todo último domingo do mês, às 16 horas, na Casa de Cordéis de Guarulhos.
— E vai muita gente. Costumo dizer que o sarau não é meu, porque uma manifestação assim não tem dono, é do povo, da arte. Já houve um tempo que a poesia parecia estar restrita no meio da classe mais rica, porque pobre não gostava.
— Na verdade a poesia popular sempre existiu e cresceu no meio povo, ainda que muito pouco divulgada. No caso, essa diferença entre ‘ricos e pobres’ parecia estar dentro da questão ‘estudou e não estudou’, mas conheço gente semianalfabeta que gosta de poesia. Então o problema é a falta de divulgação mesmo, o esconder a poesia — continua.