Músico educador ou educador músico, o paulistano Paulinho Padilha sempre usou sua arte de forma didática e interativa, misturando com educação. Cantor, compositor, instrumentista e professor universitário, trabalha o CD Velho Amigo e se prepara para um próximo.
— Comecei com música aos 18 anos de idade, a partir de um violão da minha mãe, cantando e compondo minhas canções. Isso nós estávamos em 1977, auge da repressão da ditadura militar, tempo difícil para a música brasileira.
— Me lembro que estava na faculdade e todas as minhas músicas representavam o momento crítico. Muitas pessoas foram censuradas nessa época, algumas muito conhecidas. Sofriam perseguição. E eu começando naquele momento, foi muito difícil — continua Paulinho.
— Tinha que passar pela censura, a Polícia Federal. Tínhamos medo até de mandar as letras, mas por não ter outro jeito acabávamos mandando.
Algumas vezes, segundo Paulinho, a censura não notava as verdadeiras mensagens das canções.
— Ela acabava sendo um pouco burra. Muitas vezes não conseguia perceber, nas entrelinhas dos poemas, o que realmente estava sendo dito, inclusive contra a própria ditadura. Mas tínhamos que ter muito cuidado na hora de fazer as músicas para que isso acontecesse —diz.
— Nunca nos furtamos de participar dessa luta, fazendo as canções e nos apresentando em festivais. Na verdade sempre tive um envolvimento social intenso, participando ativamente de passeatas e movimentos de juventude.
— Meu desejo é desde o começo tentar fazer da música uma performance artística, mas também uma militância social. Eu sempre quis e lutei para que a minha canção servisse para isso.
Paulinho estudou violão popular e erudito por muito tempo, se tornando violinista, e por 12 anos exercendo a função de músico profissional.
— Mas a minha carreira teve que ser interrompida por várias questões pessoais, profissionais e familiares. Depois de 15 anos de estudo acabei deixando de fazer música, mas isso, é claro, em termos profissionais, porque nunca a deixei de lado —afirma.
—Passei a me dedicar à educação, como professor, o que também tem a ver com o meu desejo de passar conhecimento, de dialogar, interagir com as pessoas. Dei aulas para o ensino superior na área da pedagogia, da didática, da educação, da cultura, da política.
— Também sou professor efetivo na rede estadual de São Paulo, nos cursos de magistério. Há 21 estou no Instituto Paulo Freire e acabei me tornando educador a partir da música, ministrando palestras em vários locais — continua.