- A taxa de juros SELIC, a taxa base para títulos do Tesouro Nacional já estava demasiado alta em 11.25 pontos percentuais em novembro de 2014. Após sucessivas elevações, o COPOM (Conselho de Política Monetária), “orientado” pelo BANCO CENTRAL a elevou para 12.75 pontos percentuais.
- A taxa efetiva, basicamente determinada pelo cartel de bancos credenciados como dealers desses títulos oficiais, fica, em média, três pontos acima da taxa básica (hoje quase 16% aa.), ou ainda mais em períodos turbulentos.
- Tais juros – sem paralelo em países não submetidos ao império financeiro, controlado pela oligarquia angloamericana – causam intensa hemorragia nas finanças públicas, um de cujos efeitos é elevar a conta dos juros a cada ano e fazer crescer incontrolavelmente o estoque da dívida.
- Isso se dá em função da capitalização dos juros através da emissão de novos títulos para liquidar os que vão vencendo, pois as receitas tributárias (das quais vem o superávit primário) são, de longe, insuficientes.
- Para uma ideia do estrago desencadeado por poucos pontos percentuais na taxa, basta fazer simulações com a composição anual dos juros.
- Os juros incorporados ao principal - supondo que não se liquidassem juros e amortizações, em dinheiro, durante 30 anos - fariam ascender os 3 trilhões de reais, no momento, da dívida interna), para os seguintes montantes:
1) 12% aa. = R$ 89,9 trilhões, (multiplicaria a dívida por 30);
2) 15% aa. = R$ 198,6 trilhões, (a multiplicaria por 66);
3) 18 % aa. = R$ 430,1 trilhões (a multiplicaria por 144). - Portanto, a cada três pontos percentuais de aumento, o multiplicador mais que dobraria. Do jeito que vai a presente taxa efetiva (18% aa.), a dívida atingiria quantia equivalente a US$ 143 trilhões, ou seja, quantia igual a duas vezes a soma dos PIBs de todos os países do mundo.
- Tenho explicado que os formadores de opinião, montados no monopólio da comunicação social - cujo negócio é desinformar - fazem a maior parte do público comprar a ideia de que as elevações das taxas de juros seriam necessárias para conter a inflação dos preços.
- As artes da desinformação incluem fazer acreditar numa entidade misteriosa chamada “mercado”, a que se atribui exigir os injustificáveis juros estratosféricos. Então, aos olhos do público esses juros deixam de ser o instrumento do saqueio cometido pelo cartel dos bancos e são imputados ao abstrato “mercado” e a supostas leis econômicas, igualmente abstratas.
- A armação a serviço dos concentradores financeiros desvia a discussão do terreno dos fatos para o das teorias econômicas e para o das doutrinas político-filosóficas.
- A questão não é doutrinária: não são neoliberais nem necessariamente partidários da direita os defensores e aproveitadores da política de juros altos, tal como os da política de subsidiar trilionariamente os carteis transnacionais.
- Adriano Benayon*
- Ano XIII, nº 148, 1ª quinzena de Abril de 2015