Músico, poeta, cantor e compositor, Carlos Silva tem como ponto forte o canto falado, modalidade ligada ao cordel. Com uma bagagem repleta de cultura popular adquirida no meio de feiras do interior da Bahia, Carlos apresenta um repertório diversificado de gêneros e poesias, que também declama em saraus pelo Brasil.
— Comecei tocando bateria em uma banda formada por quatro rapazes na Vila de Itamira, município de Aporá, no estado da Bahia. Lá fui criado e vivi minha meninice sonhadora e infantil — conta.
— Minha terra é o meu berço e onde fui preparado para o mundo. A ela devo muito pela minha formação como ser humano. Eu ouvia de tudo que a minha mente absorvia.
Carlos diz serem muitas suas influências: artistas como Nelson Gonçalves, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Zé Ramalho, Benito de Paula, etc, além de manifestações populares.
— Tem mais um monte de gente bacana que seria impossível descrever em um espaço limitado. E junto a isso, a poesia veio desde os tempos de escola.
— Um fato marcante era que escrevia cartas de amor para um grande amigo conquistar uma garota. Ele estava apaixonado e me convidou para escrever, então utilizava ali toda essa minha verve poética, deixando as palavras mais bonitas para impressioná-la — recorda.
— Fui também brincando de fazer rimas, e mais tarde aprimorando meus horizontes com frequência em saraus pela capital paulista e regiões do interior. Sem que soubesse já era um cordelista, pelas rimas inocentes que fazia.
Em 2001, Carlos Silva escreveu e publicou seu primeiro livreto de cordel.
— Através de leituras de outros cordelistas aprimorei cada vez mais a minha didática e hoje já publiquei 38 livretos. Tenho outro tanto aguardando para lançar, e assim trabalhar nas escolas apresentando essa arte secular — avisa.
— Ocupo a função de músico e poeta com a mesma intensidade. Isso está tão intrínseco no meu ser, que, em cada apresentação musical, é impossível não fazer um verso de cordel, quer seja decorado ou de improviso, e brincar com o público.
Carlos diz que cria poesia e música como um todo.
— Pego o violão e vou montando a estrutura poética. Mas a sonoridade musical já vem acompanhando na mente. Cada frase, cada verso já soa uma tonalidade e aí vira música. É um processo automático e divertido que gosto de fazer — descreve.