No dia 28 do último mês de setembro, um vídeo foi divulgado na internet mostrando policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro da Providência, no Centro do Rio, colocando uma pistola na mão de um jovem que acabara de ser executado durante uma operação na localidade Pedra Lisa. A princípio, o caso foi registrado como auto de resistência, quando uma pessoa é morta ao reagir a uma abordagem policial. No entanto, as imagens mostram claramente o corpo do jovem Eduardo Felipe Santos Victor, de 17 anos, desarmado, caído no chão; PMs efetuando disparos na direção oposta e, em seguida, colocando a pistola na mão de Eduardo.

Policiais forjam confronto para ocultar execução sumária de jovem
O caso revoltou a população do Morro da Providência que desceu para o asfalto para protestar e foi reprimida pela polícia com tiros de bala de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. No dia seguinte, os policiais que aparecem nas imagens foram presos administrativamente e irão responder a um inquérito policial militar. A testemunha que filmou a ação e vazou o material na internet saiu da Providência com sua família temendo represálias e seu paradeiro ainda é desconhecido. Outra testemunha disse que o mesmo grupo que assassinou Eduardo, aterroriza cotidianamente a população da Providência e é liderada por um PM identificado como Paulo.
— Esta não é a primeira vez, não é a segunda, não é a terceira. Já foram mais de dez, de 20. Ele tirando a vida de inocente. Ele [o Bonde do Paulo] mata sem pena, sem dó. Ele mata e quer esculachar o morador. Já matou muito morador, ele é ruim. Eles estão demais na nossa comunidade. Quando é o dia dele, é tiro à beça, criança não pode ir à escola, morador não pode ir trabalhar, horrível. Aonde a gente vai parar? A UPP é para cuidar da comunidade, não para ficar matando morador inocente. Vai fazer sua ronda? Faz direitinho, não precisa xingar morador, dá um bom dia, um boa tarde, pelo menos. Ninguém aguentava mais. Chegou num ponto que não dava mais. Tudo na vida tem um limite. Chegou o limite da comunidade. A comunidade pede paz — diz a testemunha.