Os grupos de poder das classes dominantes, sua imprensa e seu círculo de intelectuais encontram-se atordoados diante da completa falência de seu sistema político montado sobre a farsa eleitoral das várias siglas do Partido Único para gerenciar o velho Estado genocida de grandes burgueses e latifundiários, garantidor da condição semicolonial e de total subjugação ao imperialismo, principalmente ianque. Suas pesquisas de opinião apontam para a rejeição deste sistema expresso na rejeição das siglas e das desgastadas lideranças que, até a bem pouco tempo, engabelavam as massas com suas falsas promessas e demagogias mimetizadas pela distribuição de migalhas.
Capitulação da “esquerda”. Que “esquerda”?
O Partido Único e a farsa eleitoral são duas das principais características do sistema de governo da democracia burguesa nas semicolônias como o Brasil. A sua vigência atual foi construída como transição pacífica do regime militar fascista para o regime “democrático”, com base no acordo de “Anistia Ampla, Geral e Irrestrita” aprovado no Congresso Nacional em 1979. Este foi pactuado entre os representantes do regime militar e a representação liberal da grande, média e pequena burguesias, com o apoio da “esquerda” capitulacionista e renegada. Como resultado do manejo dos estrategistas do regime militar, ARENA e MDB, ou, como se falava na época, o partido do ‘sim’ e o do ‘sim senhor’, deixaram de abrigar as várias frações de classe que se expressavam em seu seio devido à imposição do bipartidarismo, dando surgimento a dezenas de siglas, como uma das aparências da “redemocratização”.
A alternância entre as várias siglas do Partido Único, realizada sob o manto da farsa eleitoral, possibilitando a chegada ao gerenciamento de turno do velho Estado a cada uma das principais legendas, sempre apoiadas por uma base aliada, configurou o que se convencionou chamar de “presidencialismo de coalizão” e “governabilidade”. A essência deste sistema é a política de “toma lá, dá cá”, usando como moeda de troca desde as mais altas funções na burocracia do Estado aos milhares de cargos intermediários espalhados nas esferas federal, estadual e municipal, além de liberação de verbas para emendas parlamentares.
Ocorre que sendo a política de subjugação nacional de aplicação obrigatória por qualquer das siglas no gerenciamento de turno deste velho Estado, o que implicava na adoção de acordos lesivos aos trabalhadores e a nação como um todo, o desgaste do gerenciamento apontava para sua rejeição pelo eleitorado que, indo por falsas promessas e pela demagogia de outra sigla, era levado a viver nova desilusão.
Tomando este curto período da história política do país, foi assim que PMDB, PSDB e PT, sucessivamente (tendo como coadjuvantes PFL/DEM, PTB, PDT, PSB, pecedobê, PDS/PP, PPS e outros de menor estatura), tiveram oportunidade de gerenciar o apodrecido Estado brasileiro, aprofundando, cada um a sua maneira, seu avançado estado de decomposição.
Assim, as criações de novas siglas como PSOL, REDE e Frente Brasil Popular não passam de mais um truque da “esquerda” oportunista eleitoreira que resulta, em última instância, na busca de sobrevida a um processo de total descrédito, deste sistema montado pelas classes dominantes serviçais do imperialismo, para seguir tirando proveito máximo da opressão e exploração de nosso povo, independente de qual seja a sigla do Partido Único à frente do gerenciamento do Estado.
Mudar para nada mudar
Nesta semicolônia chamada Brasil ninguém chega ao gerenciamento sem o beneplácito do imperialismo ianque, mesmo aqueles que alimentam o sonho de trocar de amo, por China ou Rússia digamos. Com a transição do regime militar para a democracia de aparência com Tancredo e Sarney, e com a súbita morte do primeiro, aplicaram-se planos econômicos voltados a conquistar apoio popular para legitimar o frágil gerenciamento do segundo. Resultou, da mesma forma, a reprodução da lógica imperialista, pois, com os altos índices inflacionários, serviam a fabulosas transferências de renda dos trabalhadores para os bancos. O proletariado, sem direção, reagiu de forma dispersa realizando greves e saques a supermercados.