Nascido em Bom Jesus da Lapa, no sertão da Bahia, o cantor e compositor Cevisa Harmonia tem como base de formação a cultura popular da região do São Francisco. Mantendo essa base, Cevisa trabalha experimentos musicais, que são uma mistura de suas influências: folguedos, artistas, andanças e vivências no sertão e na cidade.
— Já na infância comecei a gostar de música. No começo da adolescência meu colégio organizou um festival, e neste participei como compositor. A música foi interpretada por uma amiga, Cristina Guedes, e fomos vencedores — conta.
— Em 1986 participei do primeiro festival como intérprete, na cidade ribeirinha de Manga, em Minas Gerais, de uma música de minha autoria. Depois outros festivais foram surgindo, o que foi dando coragem para definir este meu querer na profissão musical.
— Morando no sertão do São Francisco, vários artistas me chamaram atenção, entre eles: Sá e Guarabira, Marcos Ribas, Ednardo, Tom Zé, Elomar. Eles eram muito tocados durante minha formação, e isso me ajudou bastante nas escolhas que tenho hoje na criação —declara.
Sua região é muito rica culturalmente, outro ponto forte de influência musical para ele.
— Na minha infância e até mais tarde, observava as Folias de Reis, as marujadas, as ladainhas, os cordelistas, os violeiros etc., que chegavam a Bom Jesus da Lapa. Até hoje reverencio essas manifestações do povo simples —fala.
— Aconteciam folguedos populares, e até hoje com muita dificuldade ainda existem no Vale do São Francisco, como os caboclos de Carinhanha. E durante a festa do Divino, onde vários grupos se apresentam como a Cavalhada, os Doze Pares da França, samba de Reis, samba chulas etc., mas com muito suor para acontecer —revela.
— Todos esses folguedos me influenciaram bastante. Também gostava muito, na época da semana santa, de observar as lamentações das almas durante a madrugada. Apesar dos tristes cânticos, trazendo medo, gostava do ritual teatral apresentado pelas ruas da minha cidade —diz.
Em seguida, outros elementos, observados em suas vivências, foram somados a essas manifestações que presenciou.
— Gostava da música regional vinda de Pernambuco, com força do maracatu rural do Chico Science e do cearense Ednardo, e da performance poética musical de Tom Zé. Mais tarde, passei a apreciar os festivais de música que acompanhava pela televisão —conta.