França: jornada de lutas classistas
O governo antipovo do “socialista” François Hollande foi alvo, em março, de um dos maiores e mais vigorosos protestos populares dos últimos anos na França. Participaram deste agigantada jornada de luta classista, realizada no dia 9 de março, centenas de milhares de trabalhadores, estudantes e aposentados, que saíram às ruas de centenas de cidades de norte a sul do país, em mais de 250 manifestações coordenadas.

Franceses contra os planos de austeridade do governo
No centro da pauta dos protestos estava a pretensão da administração Hollande de levar a cabo uma draconiana contrarreforma das leis trabalhistas francesas, intentando assim reverter históricas conquistas das massas laboriosas duramente arrancadas do Estado burguês por meio das históricas lutas do proletariado.
Diante da envergadura dos protestos, Hollande foi obrigado a retirar do projeto de contrarreforma trabalhista alguns itens especialmente infames, como o estabelecimento de um teto para indenizações em caso de demissão sem justa causa, ou a autorização às empresas para que invoquem “razões econômicas”, sem necessidade de validação da Justiça dessas razões, para levar a cabo demissões em massa.
Houve paralisação dos trabalhadores ferroviários, com adesão de quase 70% à greve, e também dos trabalhadores do metrô de Paris. Na capital francesa, mais de 100 mil pessoas marcharam contra o ataque aos direitos e garantias do povo. A juventude, cumprindo seu papel nos movimentos de massa, esteve na linha de frente das ações mais radicalizadas, ocupando mais de 30 escolas secundárias parisienses, inclusive montando barricadas nos portões.
A grande participação da juventude da França na jornada do dia 9 de março foi uma mensagem política contundente a Hollande e camarilha, uma vez que nas semanas anteriores a contrapropaganda do governo francês tentou emplacar a ideia degenerada de que a precarização de todos os trabalhadores poderia abrir caminho para a redução dos altos índices de desemprego entre os jovens, que hoje na França está na casa dos 21%, o dobro da taxa geral de desemprego.
O proletariado europeu, sobretudo o dos elos mais fracos da União Europeia (UE), mas também das potências imperialistas da UE — como mostra a situação na França —, segue sofrendo fortes pressões dos monopólios e dos Estados que gerenciam os interesses do capital monopolista no sentido de, cada vez mais, fazer as condições gerais de trabalho e de vida do povo parecer com aquelas vivenciadas pelos povos trabalhadores dos “países em desenvolvimento”, esse grande eufemismo usado para denominar as semicolônias do mundo.