As jornadas de protesto popular iniciadas em junho de 2013 foram as maiores manifestações de massas já vistas no Brasil. Nunca tanta gente se pôs em movimento e ousou contestar o arbítrio do velho Estado em questões que foram desde a tarifa do transporte público até a defesa do direito de manifestação.
A juventude combatente se apresentou e enfrentou destemidamente as forças de repressão, num ímpeto incontrolável, que deixou em pânico as classes dominantes e os gerentes do velho Estado, bem como todos os membros das diversas siglas do Partido Único. Particularmente o oportunismo eleitoreiro de PT, pecedobê, Psol, PSTU e corriola, quando perceberam a impossibilidade de dirigir as manifestações com suas pautas reformistas e eleitoreiras, passaram a atacar, sem sucesso, as manifestações, tachando-as de fascistas, unicamente porque não estavam sob suas asas.
Mesmo durante as jornadas de 2013, passou a ganhar corpo a consigna de “Não vai ter copa!”, com que as manifestações prosseguiram vigorosas, denunciando a roubalheira na construção dos estádios, as mamatas para a Fifa, as remoções de populações pobres para favorecer a especulação imobiliária, etc.
Desde o início, o “Não vai ter copa!” foi bombardeado de todos os lados, pela impossibilidade de sua realização cabal, principalmente pelos oportunistas, que então não hesitavam em vestir a camisa da CBF e gritar que os defensores do “Não vai ter copa!” eram “golpistas de direita”. Não faltaram intelectuais a soldo do PT para definir os protestos como fascistas. Os que protestavam, entretanto, tratavam de denunciar e desmoralizar o gerenciamento oportunista, conseguindo ampla repercussão entre os movimentos populares, até internacionalmente.
O golpe do oportunismo
É praxe desse oportunismo eleitoreiro mais seboso atacar tudo que a ele se opõe como golpista, querendo passar imagem de governo popular mesmo quando opera e implementa as políticas mais violentas e discricionárias das classes dominantes.
Ao mais leve sinal de instabilidade, os atuais gerentes de turno do velho Estado saem a gritar “É golpe! É golpe!”. E isso faz parte do modus operandi oportunista desde sempre. O objetivo disso é coagular em torno de si as ovelhas desgarradas, descontentes com o “governo”, mas temerosas de “algo pior”.
Pois bem, 2013 evidenciou algo claro para os verdadeiros democratas e revolucionários há muito tempo: que o PT e seus puxa-sacos não eram mais capazes de mobilizar massas para defender sua gerência.
A oposição eleitoreira, na velha disputa entre grupos de poder, em intensa luta por retornar à gerência do velho Estado, se valeu dessa fragilidade e, diante da crise econômica, intensificou seus ataques por todos os lados, culminando no atual processo de impeachment que ora assistimos.
E como sempre falta originalidade ao oportunismo, seus publicitários tiveram a “brilhante” ideia de parafrasear a palavra de ordem “Não vai ter Copa”, convertendo-a em “Não vai ter golpe!”.
Ao que tudo indica, porém, não obterão o mesmo sucesso, já que a tendência principal é que Dilma, Lula e o PT serão mesmo apeados do poder através de julgamento político no congresso, assim como Collor, que depois foi inocentado no STF, lembram?
Então onde está o golpe? Ora, o golpe está justamente em convocar sua militância e gente temerosa com a “perda da democracia” para defender um governo que ataca diariamente os direitos trabalhistas, aprova leis antipovo, arrocha salários, desnacionaliza a economia, corta verbas para a educação, etc., e que se espojou na corrupção como todos os outros. E pra quem acha que está ruim, aguarde a prometida contrarreforma previdenciária que esse governo pretende aprovar.