Cantor, compositor e instrumentista, o paulistano Fabio Cadore tem seu talento reconhecido no exterior. Com participação especial em álbuns de artistas de diversas partes do mundo e três discos autorais lançados também na Argentina, Japão e Coreia do Sul, Fabio está envolvido em muitos projetos que ajudam a valorizar a música brasileira.
— Descobri a música ainda cedo, mas nem ao menos sei de onde surgiu minha fixação por querer ter um violão aos seis anos de idade. Logo comecei a tocar de maneira autodidata, mas, aos onze anos já me sentia incomodado pela falta de direcionamento, novos conhecimentos. Foi quando vi na televisão um show do João Gilberto e sua bossa nova — conta.
— Não conhecia nada de música além do que se podia ouvir nas rádios, então o impacto foi avassalador. Gravei o show em VHS, e passei bons meses aprendendo todas as músicas e acordes do violão daquele sujeito desconhecido para mim até aquele momento — continua.
Fabio ingressou em um importante conservatório de São Paulo, e passou cinco anos estudando violão clássico.
— Participei de cameratas, orquestras, concertos diversos. Enquanto meus colegas adolescentes jogavam video game, eu me divertia estudando uma nova peça de Heitor Villa-Lobos. A partir daí não podia mais parar, a música se tornou meu motivo condutor — fala.
— A preparação de maneira acadêmica é importante, mas, desde que não se sobreponha à criatividade, ao frescor da intuição, a não ser que a pessoa queira ser um pesquisador, doutor etc. é claro. Cansei de ver músicos que sabiam tudo de teoria, porém, mal vivenciaram a escuta, o aprendizado informal — expõe.
— Na universidade sou graduado em canto e licenciatura, já no violão me formei apenas em conservatório. Quase engrenei um mestrado em trilha sonora pra cinema na UNICAMP, mas, passado o primeiro módulo, decidi parar e me dedicar inteiramente ao meu trabalho artístico — diz.
Logo depois disso surgiu, em 2008, seu primeiro álbum, “Lúdico Navegante”.
— Senti que esse nome simbolizava bem todo o projeto, que trazia um Fábio ainda sonhador, ingênuo, tentando fincar o primeiro pé no meio musical e mirando bem alto, sempre. É também o nome de uma das canções do disco — explica.
— O segundo se chama “Instante”. Dá nome à primeira música do disco e novamente fotografa meu momento pessoal: “botando o pé na porta” pra chamar a atenção para as novas reflexões, novas canções que havia escrito — continua.
— O terceiro e mais novo álbum é o “Acto 1” (Ato 1), título em espanhol para um trabalho que pretende ser o primeiro de alguns atos. Também dá nome a uma das músicas, que tem uma estrofe em português, outra em espanhol, falando de uma relação amorosa, brincando com o ato no teatro: a peça, o cenário, os atores etc. — diz.
Experimentos e música de qualidade
— Gosto de misturar ritmos brasileiros com ritmos do mundo, colocar num liquidificador, tocar de maneira jazzística e cantar de maneira pop. Difícil definir o gênero que trabalho, principalmente para mim que levanto a bandeira da mistura, do híbrido — define.
— Sou letrista e melodista. Tenho canções escritas inteiramente por mim, outras que fiz a letra e outras que musiquei letras de outros autores. Os assuntos são sempre muito variados, e apesar de ser um romântico nato, desde meu primeiro disco também toco em temas sociais, políticos, tudo o que move o homem e seu meio — diz.
Atualmente é um músico brasileiro com uma sólida carreira no exterior.
— Em 2009, um pianista e compositor sul-coreano encontrou meu perfil na internet e descobriu minha música. Nos conectamos e começamos a compor juntos, eu fazia letras em português para suas melodias. Três anos depois já haviam dois álbuns solistas seus com sete canções nossas, e minha voz circulava por toda a Coréia do Sul — conta.
— Fiz turnês pela Coréia por dois anos seguidos. E recebi um convite por parte de um grande artista da região Basca, na Espanha, para gravar uma música sua, em um projeto onde também participaram grandes artistas latino-americanos — continua.
— Fui convidado a gravar um disco com um importante quarteto de jazz da Dinamarca, e o disco foi bastante elogiado em toda a região escandinava. Nesse meio tempo surgiu minha paixão por outros países latino-americanos — acrescenta.
Fabio diz que sempre foi recebido no exterior de braços abertos, mesmo quando ninguém o conhecia.
— Costumo dizer que a vantagem de ser artista brasileiro é que, mesmo quando não te conhecem, sempre estarão com ouvidos atentos para descobrir o que você faz. Apresento músicas minhas, consequentemente brasileiras, mas ultimamente tenho composto várias músicas em espanhol também — fala.
— Tenho parceiros diversos em todos os cantos do mundo. Amigos de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Belém do Pará, Argentina, Uruguai, Espanha, Coreia do Sul, Dinamarca e por aí vai. Por mais incrível que possa parecer, como compositor eu prefiro a qualidade e não a quantidade — continua.
— Trabalhar com músicos de outros países é incrivelmente fácil quando todos falam bem a linguagem da música. É a soma da sua cultura com a de outro indivíduo. É a coisa mais enriquecedora que se pode ter. Muito profundo e poético. Guardo isso como meu maior capital — acrescenta.
O trabalho atual de Fabio, “Acto 1”, foi feito em parceria com Hernan Jacinto, pianista e compositor argentino.
— O álbum foi lançado na Coreia do Sul, Japão, Brasil e Argentina. Acabo de voltar de uma grande turnê por toda a Argentina, shows em quinze cidades, percorrendo de norte a sul. Uma experiência impar em minha carreira — declara.
— Assinei contrato com uma importante gravadora argentina para gravar com Hernan Jacinto, ainda esse ano, nosso álbum “Acto 2”. Também tenho dois projetos de disco e musical infantis, para estreia no final de 2016 — avisa.
— E estou produzindo o disco de um importante cantor de boleros da Argentina. Devemos lançá-lo no começo de 2017. E por aí vai, muitas coisas, e espero que surjam mais — finaliza.
www.fabiocadore.com.br é o contato do artista.