No mês de outubro, logo após a farsa eleitoral, as tropas do velho Estado incrementaram a repressão e militarização nas favelas da zona sul do Rio, já ocupadas pelas famigeradas UPPs. Nos morros do Cantagalo e Pavão-Pavãozinho (PPG), localizados nos bairros de Ipanema e Copacabana, no dia 28, PMs da Tropa de Choque e do BOPE tomaram os becos e vielas invadindo casas, agredindo e torturando pessoas.
Velório de Moisés, jovem assassinado em morro carioca
Segundo relatos de moradores, no dia 31, o jovem Moisés Mendes de Santana, de 20 anos, caminhava pelo Pavão-Pavãozinho quando foi atingido por um tiro de fuzil disparado por PMs do Choque. Em seguida, os policiais executaram Moisés com vários golpes de faca. O jovem foi enterrado no dia 3 de novembro no Cemitério São João Batista. No dia seguinte, a equipe de reportagem de AND esteve no PPG e conversou com moradores e com uma testemunha ocular do assassinato de Moisés.
— Ele estava em um bar, eu estava perto dele. Quando avisaram que o Choque estava subindo, todos se preparam para ir para casa. Ele foi o primeiro a sair do bar. Logo que ele saiu, nós ouvimos um barulho de tiro e o rapaz caiu no chão. Em seguida os policiais chegaram mandando todo mundo ir embora, ameaçando e esculachando todo mundo. Colocaram duas viaturas nas entradas do beco e não deixavam ninguém passar. Quando a gente desceu, o Moisés estava baleado, mas ainda estava vivo. Quando desceram com ele, ele estava morto e com um monte de marca de facada. Eles mataram o menino na faca para ninguém ouvir barulho de tiro. Um rapaz bom, trabalhador. Eu o conhecia. Mas para eles, todo mundo que mora na favela é traficante ou amigo de traficante — diz uma testemunha que preferiu não se identificar, com medo de represálias.
O assunto tampouco foi noticiado pelo monopólio dos meios de comunicação, apesar da extensa lista de vítimas da ação criminosa da PM. Vários moradores tiveram suas casas invadidas e suas portas arrombadas. Tudo com o aval do judiciário desse velho Estado carcomido. Isso porque, dias antes, o poder judiciário do Rio expediu mandado de busca e apreensão coletivo autorizando a Polícia Civil a fazer revistas aleatóriasnas casas do PPG. Na associação de moradores do Pavão-Pavãozinho, nossa reportagem conversou com moradores vítimas da ação da PM.