MS: Campanha pela liberdade de Alexandre
O Comitê de Solidariedade aos Povos Indígenas de Dourados lançou uma campanha pela liberdade do indígena Alexandre Claro, da Aldeia Tey’i Kue, habitada pelos Guarani e Kaiowá, no município de Caarapó (MS).
No dia 05/01, Alexandre foi baleado duas vezes na perna por policias militares, com a alegação de que ele teria “atacado” a viatura dos PMs. Alexandre, que sofre de esquizofrenia e não tinha acesso a tratamento médico há três anos, transitava pelas ruas com um pedaço de madeira, antes de ser abordado de maneira covarde e violenta pela polícia. O indígena não tem histórico violência.
Em nota, o Comitê destaca que, mesmo baleado e no hospital, os policiais algemaram Alexandre na cama. O indígena teve alta no dia 14/01, sendo encaminhado para o Departamento de Polícia de Dourados, no qual ficou detido até ser transferido para a Penitenciária Estadual no mesmo município, local que permanece preso até hoje.
“Pelo fato de Alexandre ter sido diagnosticado com esquizofrenia, ressaltamos a necessidade de uma abordagem diferenciada para o caso. [...] A ação violenta da Polícia Militar é injustificável, remetendo aos agravantes do contexto geral da saúde mental indígena, afetada diretamente por séculos de exploração, genocídio e etnocídio, pelas políticas de confinamento em espaços de reserva e sua não resolução pela via estatal mesmo garantido pela Constituição de 88. [...] Em tempos de barbárie, a defesa da vida passa pela luta e resistência em defesa dos territórios indígenas. Pedir pela liberdade de Alexandre é enfrentar o racismo e as práticas colonizadoras que ainda fazem a terra sangrar pelas mãos de instituições assassinas ”, ressalta trecho da nota.
MS: Prisão arbitrária e protesto por saúde indígena
Com informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi)
Em Amambai, no dia 08/03, Valtenir Lopes, morador do tekoha Kurusu Ambá foi preso quando transportava uma geladeira para o conserto no centro do município. No trajeto entre a área retomada pelos Guarani e Kaiowá e o centro da cidade, o veículo de Valtenir foi parado por uma viatura com dois policiais, que o acusaram de furtar a geladeira de uma fazenda.
“Eu tava sozinho, eles estavam de carro e com a arma apontada na minha direção. Eu falei ‘o que tá acontecendo?’ E ele disse ‘você tá roubando o freezer da fazenda!’ E me bateu duas vezes com o revólver. Eles deram um tiro embaixo de uma perna, mas eu levantei e não pegou. Prenderam o carro e o freezer, que ainda estão na delegacia”, relatou Valtenir ao Cimi.
O indígena foi mantido encarcerado durante quase cinco horas até os seus familiares e lideranças do tekoha Kurusu Ambá comprovarem que a geladeira havia sido adquirida há doze anos. Segundo os indígenas, a prisão de Valtenir ocorreu após uma ligação anônima e provavelmente foi feita por latifundiários locais como forma de criminalizar os Guarani e Kaiowá.
Na manhã de 16/03, cerca de 200 membros das etnias Kadiwéu, Kinikinau e Terena, interditaram trecho da BR-262, na entrada da Terra Indígena Taunay-Ipegue, entre os municípios de Aquidauana e Miranda (MS). O protesto foi motivado pela precarização e sucateamento na saúde indígena, que sofre com a falta de veículos para as aldeias, médicos, medicamentos e utensílios básicos. Na mesma data, os Guarani e Kaiowá ocuparam o Pólo Base de Saúde Indígena.
MS: Morte por atropelamentos
Com informações do Cimi
A morte de indígenas em atropelamentos está diretamente vinculada à luta destes povos pela demarcação dos seus territórios tradicionais.
Em Rio Brilhante (MS), no dia 10/03, Alessandra Sanabrio, de 36 anos, faleceu após ser atropelada nas margens da BR-163 quando retornava do trabalho. O motorista de um caminhão invadiu o acostamento, atropelando a indígena e fugindo sem prestar socorro.
Os Guarani e Kaiowá do tekoha Laranjeira Ñanderu, que fica próximo do local do acidente, bloquearam por algumas horas a BR-163, em protesto contra mais uma morte por atropelamento.