No dia 12/05, mais de 400 camponeses de diferentes áreas e acampamentos do estado de Rondônia tomaram as ruas da capital, Porto Velho, em protesto que teve como mote principal a regularização da posse das terras ocupadas por centenas de famílias.
Camponeses ocupam as ruas de Porto Velho contra crimes do latifúndio
Ao longo da manifestação, as bandeiras da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) de Rondônia e Amazônia Ocidental deram um tom vermelho. As palavras de ordem em defesa da Revolução Agrária e contra o latifúndio e seus bandos de pistoleiros entoadas pelas massas camponesas expressaram a sua combatividade. “É terra, é terra, para quem nela trabalha! E viva agora e já, a Revolução Agrária!”, “É morte, é morte ao latifundiário. E viva o poder camponês e operário!” e “Conquistar a terra. Destruir o latifúndio!” foram as palavras de ordem mais bradadas em todo o ato.
No protesto, os camponeses denunciaram a gerência estadual de Confúcio Moura/PMDB e o comandante-geral da PM de Rondônia, Ênedy Dias de Araújo, por apoiar e incentivar grupos de extermínios e de pistoleiros que atuam no estado – que contam com a participação ativa de policiais. “Ênedy fascista, assassino e terrorista”, denunciaram com muito vigor os camponeses durante o protesto. Desde que Ênedy assumiu o comando da PM, em 11 de janeiro de 2016, vem aumentando o número de assassinatos no campo do estado. Os manifestantes também denunciaram a perseguição e a criminalização dos acampamentos pelo conluio entre latifúndio, monopólio de imprensa e o velho Estado, especialmente os acampamentos organizados pela LCP.
Os camponeses conclamaram os trabalhadores da cidade a apoiarem e se incorporarem na luta pela democratização da terra por meio da Revolução Agrária, com a tomada de todas as terras do latifúndio.
Velho Estado pressionado
Entre os dias 10 a 12 de maio, em Porto Velho, camponeses de mais de 20 áreas e acampamentos participaram de reuniões com órgãos do velho Estado, tais como a Ouvidoria Agrária Nacional, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o Programa Terra Legal. O auditório do Incra ficou lotado de camponeses, advogados, estudantes e professores da Universidade Federal de Rondônia (Unir) e jornalistas, além de entidades democráticas e populares.
Os camponeses organizados pela LCP intervieram ativamente ao longo das reuniões, nas quais denunciaram o ataque de pistoleiros e policiais contra áreas e acampamentos, o aumento no número de camponeses assassinados, a grilagem de terras públicas pelos latifundiários, a falência do programa de “reforma agrária” do velho Estado, a inércia do Programa Terra Legal para os camponeses e o seu funcionamento para os latifundiários, além dos consecutivos mandados de reintegração de posse.
Durante as reuniões, os camponeses cobraram a suspensão dos despejos, a destinação de terras da União para o Incra, a retirada dos grileiros das terras públicas e a criação de assentamentos para as famílias que ocupam as terras.