No dia 30 de julho de 1979, uma combativa greve sacudiu a cidade de Belo Horizonte (MG). A “Rebelião dos Operários”, como ficou conhecida, contou com a participação de milhares de trabalhadores que, revoltados com a situação de miséria e as arbitrariedades que sofriam, paralisaram praticamente todas as obras e foram às ruas numa massa furiosa que desafiou as forças policiais e a ordem do regime militar fascista.
Em artigo publicado na edição nº 135 de AND, em agosto de 2014, a Liga Operária e o Sindicato da Construção Civil de Belo Horizonte e Região (Marreta) recordavam:
“Os trabalhadores saíram dos canteiros de obra e concentraram-se na Praça da Estação. A polícia tentou cercar os manifestantes, que romperam o cerco partindo em passeata para o antigo campo do Atlético, onde hoje funciona o Diamond Mall. [...]
Nos últimos dias de julho, o comércio cerrou suas portas no centro de Belo Horizonte. O antigo campo do Atlético foi palco de concorridíssimas assembleias, nas quais milhares de operários despertaram-se para a luta.
No dia 30 de julho, a cidade parou.
A tropa da PM investiu contra os operários com cacetadas e disparando armas de fogo. Um dos tiros disparados pela PM atingiu o peito do operário tratorista Orocílio Martins Gonçalves, que caiu mortalmente ferido. Os operários responderam com pedradas e a repressão recrudesceu. Trabalhadores tentaram resgatar o corpo do companheiro morto, mas foram impedidos pela saraivada de balas que a PM continuou a disparar. O muro lateral do ex-campo do Atlético ficou marcado de balas. Até hoje os assassinos do companheiro Orocílio Gonçalves, 24 anos, pai de um filho, continuam impunes.”
O companheiro Orocílio é reconhecidamente um mártir da classe operária e, em sua homenagem, em 3 de abril de 2000, companheiros e companheiras fundaram a Escola Popular Orocílio Martins Gonçalves, que funciona em Belo Horizonte. Como definem seus fundadores, ela tem como “questão central a política e a definição ideológica” de “posições das classes revolucionárias”. Seus princípios podem ser resumidos da seguinte forma: 1) São as massas que fazem a história e as massas decidem tudo; 2) Sustentar-se com as próprias forças; e 3) Coordenação coletiva e trabalho coletivo.
O exemplo de Orocílio segue vivo na atuação dos militantes operários e revolucionários que, em nossos dias, lutam pelo resgate do sindicalismo classista e contra o oportunismo das centrais sindicais que cavalgam as lutas dos trabalhadores.