Meztli Sarabia Reyna, militante revolucionária e dirigente popular mexicana, foi assassinada por quatro pistoleiros na manhã de 29 de junho, no escritório da União Popular de Vendedores Ambulantes (UPVA) “28 de Outubro”, no mercado Hidalgo, em Puebla. Ela foi alvejada por dois tiros, um no abdômen e outro na nuca.
Cortejo popular por Meztli (Eduardo Sánchez Montero)
Junto ao corpo de Meztli, os assassinos deixaram uma mensagem escrita: “Isso acontecerá com todos os apoiadores de Simitrio. Siga você Simitrio e aos que apoiem Simitrio. Fora a 28”.
Poucos minutos depois de seu assassinato foi desatada uma campanha de desinformação contra a militante e sua organização, apresentando-a como traficante e achacadora, advertindo sobre a iminência de uma onda de violência e aconselhando as pessoas a não visitarem os mercados onde trabalha a UPVA.
Meztli, que já havia sido atacada duas vezes em 2017, tinha 42 anos e dois filhos. Ela ocupava um cargo secretarial na UPVA e era filha de Ruben Sarabia Reina (Simitrio), dirigente histórico da “28 de Outubro”.
40 anos de lutas populares
O nome “28 de Outubro” é uma referência histórica à brutal repressão da noite de 28 de outubro de 1973. Nesta ocasião, a polícia expulsou os vendedores das ruas ao redor do Mercado da Vitória, no Centro Histórico de Puebla. Barracas foram destruídas e queimadas e as pessoas que trabalhavam nelas, assassinadas. Nunca se soube o número exato de mortos.
As pessoas carregaram os cadáveres com medo de que até os corpos lhes fossem tomados. Os vendedores ambulantes trabalhavam naquela localidade há anos. Na época, Puebla passava por uma cruzada anticomunista.
A “28 de Outubro” sobreviveu à quatro décadas de acosso e repressão. Agrupa hoje uns 5 mil sócios, em sua maioria vendedores e taxistas com uma capacidade surpreendente de mobilização. É a organização popular independente mais antiga do estado mexicano de Puebla.