No dia 5 de julho, o jornal A Nova Democracia lançou o documentário Terra e Sangue — Bastidores do Massacre de Pau D’Arco, um curta metragem de 26 minutos com detalhes desse crime de Estado que vitimou 10 camponeses no sul do Pará. O pré-lançamento aconteceu na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio de Janeiro com auditório lotado.
Mais de 150 pessoas assistiram atentamente ao filme, que foi seguido de um debate com o diretor do documentário, Patrick Granja; Fausto Arruda, diretor de AND; Dr. Felipe Nicolau, presidente da Associação Brasileira dos Advogados do Povo (Abrapo); Pelé, dirigente da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) do Pará e Tocantins; Stéfia da Silva Gonçalves, viúva de um dos camponeses assassinados, além de representantes de organizações democráticas, que apoiaram o lançamento — Comissão de Direitos Humanos da OAB, Grupo Tortura Nunca Mais e Justiça Global.
O debate foi marcado pelas combativas falas de Pelé e Stérfia, esposa de Ronaldo Milhomem, um dos dez camponeses assassinados no massacre, que deixou três filhos, sendo um deles um bebê de menos de dois meses.
— Ainda está tudo muito recente e eu tenho muita dificuldade de falar sobre o assunto. Mas uma coisa eu posso dizer: nós não vamos abaixar a cabeça, nós vamos seguir lutando por justiça. Não importa onde eu tenha que ir. O que fizeram com o meu marido foi uma covardia, foi uma execução. Essas coisas acontecem porque, no Pará, fazendeiros e polícia trabalham juntos para reprimir o povo que está lutando por um pedaço de terra. Mas a Liga dos Camponeses Pobres está ao nosso lado e nós somos muitos gratos por isso — disse Stéfia, com seu filho ainda recém-nascido no colo.