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Afegãos queimam bandeira ianque, leste de Cabul, 2012
O USA está enviando mais tropas para o Afeganistão, confirmou o general Joseph Votel, comandante das tropas ianques no Oriente Médio, no dia 22/08. Os efetivos devem chegar “em alguns dias ou semanas”, afirmou J. Votel.
Embora o número exato oficial não tenha sido revelado, o monopólio da imprensa Fox News afirmou que o arquirreacionário Donald Trump autorizou o envio de mais quatro mil soldados.
Um dia antes da declaração do general ianque J. Votel, Trump pronunciou-se sobre as novas movimentações do USA na guerra contra o Afeganistão.
“Não diremos mais quando iremos atacar, simplesmente atacaremos”, afirmou Trump na ocasião. Ele disse também que a nova estratégia do USA será não revelar planos ou ataques previamente.
Resistência responde
“Se o USA não retirar suas tropas, o Afeganistão se tornará em breve um cemitério para esta superpotência do século XXI”, afirmou em comunicado o porta-voz do Talibã no Afeganistão, Zabiullah Mujahid, no dia 22/08, após pronunciamento de Trump.“Simplesmente estão desperdiçando soldados ianques. Sabemos como defender o nosso país”, ressaltou o comandante, que exigiu a retirada das tropas ianques do Iraque.
O porta-voz afirmou também que “enquanto houver um soldado do USA em nossa terra impondo-nos a guerra”, o Talibã — principal força da Resistência nacional afegã — seguirá respondendo com a guerra de resistência.
Ianques se afundam em derrotas
Segundo apontam analistas do New York Times (porta-voz do monopólio da imprensa ianque), depois de 16 anos de guerra — a maior da história dos Estados Unidos — a Resistência não está apenas longe de ser derrotada, mas está ganhando terreno. Avaliam que os combatentes evoluíram: são mais tenazes e mais experientes do que no início da invasão, em 2001.
“Agora é o momento [para a Resistência] renunciar à violência e reconciliar. Um Afeganistão pacífico e estável é a vitória para o povo afegão e o objetivo da coalizão [Otan]”, sugeriu o general ianque John W. Nicholson, após o pronunciamento de Trump. Nicholson afirmou acreditar que a Resistência “não pode vencer a guerra”.
No entanto, segundo o major-general do Exército títere afegão, Abdul Jabar Qahraman, a Resistência controla já 60% do território e vem ampliando seu domínio.
Segundo analistas, a Resistência é capaz de criar barreiras e emboscadas em quase qualquer parte do país e ditando o ritmo dos combates. Embora a Resistência evacue das capitais provinciais durante as ofensivas militares, quando retomadas, as forças pró-USA ficam absolutamente cercadas e são obrigadas a se retirar.
A Resistência nacional afegã é composta por todos os grupos e classes que resistem à ocupação ianque, dentre os quais o Talibã é hoje a principal força.
O Talibã também afirmou que não há chances para conversas de paz que não seja para assinar a retirada e rendição dos ianques.
O último líder talibã que defendeu conversações de paz, o mulá Akhtar Muhammad Mansour, foi morto em um bombardeio por drones ianques no ano passado, tal como noticiado em AND nº 170.
Os planos ianques, que há tempos previam a aniquilação completa da Resistência, hoje se resumem a impedir o desmoronamento do “governo” títere.
“Um impasse que leve a um equilíbrio é importante para o governo [afegão]”, afirmou o general ianque Nicholson em pronunciamento no Congresso, em fevereiro.
O Afeganistão também está corroído politicamente por uma crise moral e institucional.
As eleições, questão chave para o imperialismo estabilizar o país, não conseguem angariar confiança e nem mesmo realizar-se. As últimas ocorridas para eleger o Executivo, em 2014, foram regadas com corrupção, compra de votos e fraudes à luz do dia.
“Você não pode ganhar essa guerra matando-os. Sempre haverá mais”, afirmou o general afegão aposentado, Abdul Jabbar Qahraman.
“Nós não vamos nos render. Não vamos desistir. Lutamos nesta guerra por 16 anos”, disparou Hajji Naqibullah, comandante do Talibã na província de Candaar.