Poetisa democrática e popular, Christiane Félix de Barros, carioca do bairro de Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro, faz poemas que falam, entre outros assuntos, da questão social e resistência do povo contra a opressão e exploração do capitalismo burocrático em nosso país. Com sete livros escritos, sem conseguir publicar por questões financeiras, Christiane espera uma oportunidade para mostrar o seu talento e seus pensamentos.
— Escrevi muitos poemas, e reuni todos em livros que registrei na Biblioteca Nacional, somando ao todo sete. São livros de poesia, que falam sobre o que eu penso e sinto em relação ao cotidiano e relações pessoais. Eles não foram publicados por nenhuma editora, e apenas um deles foi editado de maneira independente, os outros estão amarelando guardados – conta Christiane.
— Lembro que com 20 anos de idade (atualmente tenho 41) comecei a organizar os livros e a registrá-los. Lembro de enviar cópias para editoras e nunca ter resposta favorável, sempre diziam que era bom, mas não editaram. Na época era difícil a comunicação, a internet estava começando a surgir por aqui, telefone fixo era caro, celular então, nem se fala, além de caro tinha cobertura de área terrível – diz.
— O primeiro livro chama-se Entre a razão e o coração e segue a linha do romantismo e frustrações de uma adolescente; o segundo, Liberdade de expressão (com um dos poemas reproduzidos nesta matéria), é romântico, com alguns poemas sobre questões sociais. O terceiro é Inspiração criadora, que considero o início do meu amadurecimento literário. Já apresentei minhas poesias em três concursos do gênero, e consegui ser finalista em todos – fala.
A poesia surgiu de forma natural na vida da Christiane e assim também fluiu.
— Comecei a ler aos 6 anos e desde então a escrever. Inventava umas historinhas na cabeça e escrevia, depois guardava. Mas hoje não tenho mais esses registros. A parte poética surgiu na escola: uma professora pediu aos alunos para escrever poesias e a professora de artes pediu para fazer um desenho sobre o poema – conta.
— Lembro que o meu primeiro poema falava sobre o mar e sobre amor. Todos os livros são “eu”, mas de uma maneira quase universal, acredito que quase todos já sentiram ou pensaram sobre o que eu escrevi neles – expõe.
Christiane escreve sobre cotidiano, família, amor, natureza, e também usa a poesia como a sua maneira de protestar contra o sistema de exploração.
— No livro Luz e sombra tem o poema Atos e Fatos (reproduzido nesta matéria), escrito há 20 anos, e é tão atual que parece ter sido escrito semana passada. Como povo, sinto essa opressão e a realidade me inspirou a escrever desde muito cedo, porque sempre pensei sobre essas coisas.
— É uma vergonha um povo que paga tanto imposto não ter retorno do que paga em serviços públicos de qualidade, era o mínimo que deveríamos ter. Mas, aí vem a grande máfia política e acaba com os nossos sonhos de viver dignamente – continua.
— Achei lindo, de arrepiar, o movimento do povo nas ruas em 2013. Nos fez enxergar a beleza da união do povo. Infelizmente esse desgoverno está fazendo as classes populares regredirem ainda mais financeiramente, e todos perdem e muito com tudo isso – conclui Christiane.