Os camponeses do Acampamento de Nova Cachoeirinha decidiram que irão retomar as terras da fazenda Vera Cruz. A importante decisão foi tomada em Assembleia Popular ocorrida na Área Revolucionária Vitória, em Verdelândia, no Norte de Minas Gerais, no dia 26 de novembro.
MG-401 é cortada para exigir terra do latifúndio Vera Cruz
Durante a Assembleia Popular os camponeses denunciaram o despejo ocorrido no dia 21/11, responsabilizando os gerentes federal e estadual Michel Temer/PMDB e Fernando Pimentel/PT, respectivamente, bem como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a Ouvidoria Agrária Nacional e a Secretaria do Estado de Desenvolvimento Agrário (Seda).
Corte de rodovia
A rodovia MG-401 foi interditada por quase três horas com uma barricada de galhos e troncos de árvores e pneus em chamas por camponeses do Acampamento Nova Cachoeirinha no dia 13 de dezembro em Verdelândia.
As famílias do acampamento, apoiadas pela LCP do Norte de Minas e Sul da Bahia, exigiram as terras da fazenda Vera Cruz.
Duas grandes faixas foram estendidas pelos manifestantes: Viva a Revolução Agrária! e Pimentel, cadê o compromisso com os camponeses de Cachoeirinha? Uma bandeira da Palestina foi tremulada altivamente durante todo o ato ao lado das bandeiras vermelhas do Movimento Feminino Popular (MFP) e da LCP, em demonstração de solidariedade a heroica resistência do povo palestino, que enfrenta uma nova investida do Estado de Israel.
Camponeses enfrentam intimidação
Camponeses e apoiadores da luta pela terra realizaram uma vigorosa agitação política no dia 09/12 em Matias Cardoso, exigindo do gerente estadual Fernando Pimentel/PT a ação discriminatória da fazenda Vera Cruz, com o intuito de provar que as terra são devolutas e assim distribuí-las para os camponeses do Acampamento de Nova Cachoeirinha. A atividade ocorreu durante o chamado “Dia dos Gerais” - data criada para celebrar o povoamento do Norte de Minas - quando o gerente estadual vai até Matias Cardoso proferir suas demagogias.
Durante a atividade, uma grande faixa foi estampada com os seguintes dizeres: Governador Pimentel/PT, cadê o compromisso com os camponeses de Cachoeirinha?, a qual se manteve erguida mesmo com a PM cercando e tentando intimidar os ativistas. Mais de 500 panfletos da LCP do Norte de Minas e Sul da Bahia anunciando que a fazenda Vera Cruz será retomada pelos camponeses também foram distribuídos.
Em Verdelândia, no dia 26/11, os camponeses do Acampamento de Nova Cachoeirinha e apoiadores da luta pela terra enfrentaram uma tentativa de intimidação por pistoleiros durante uma panfletagem.
No mercado municipal da cidade, um pistoleiro identificado como Alexandre tentou intimidar uma camponesa que conversava e distribuía boletins para as pessoas que circulavam pelo local. O pistoleiro foi cercado pelos ativistas e pelas pessoas que ali circulavam, sendo obrigado a recuar.
A atividade recebeu forte apoio popular, com as pessoas recebendo os boletins distribuídos e ouvindo com um misto de atenção e curiosidade as intervenções dos ativistas e as consignas políticas entoadas. Mais de 20 ativistas, empunhando a bandeira vermelha da LCP do Norte de Minas e Sul da Bahia, distribuíram cerca de mil boletins, que tinham como título: Nova Cachoeirinha resiste e afirma: a fazenda Vera Cruz é Nossa!.
Tentativa de assassinato
O camponês Silvio Netto, uma liderança do MST, sofreu uma tentativa de assassinato no dia 06/12 em Campo do Meio. No dia 11/12, centenas de manifestantes protestaram contra este ataque e prestaram solidariedade ao ativista no centro daquela cidade.
Dois pistoleiros armados cercaram o carro de Sílvio e proferiram uma série de ameaças contra a sua vida e de sua família, quando este saía da comunidade Quilombo Campo Grande, onde é assentado. Ao avistarem a aproximação de um veículo, os pistoleiros resolveram fugir, mas frisaram que se o camponês não deixasse a cidade, a sua esposa e seus filhos seriam assassinados.
O ataque estaria relacionado à disputa que ocorre há décadas pelas terras da fazenda Ariadnópolis - registrada no nome da empresa Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (Capia) que faliu em 2002 -, onde centenas de famílias ocupam uma área de 3,6 mil hectares.