A euforia da quadrilha do cadáver político insepulto Michel Temer sobre uma suposta recuperação da economia recebeu uma ducha de água fria com a divulgação pelo Banco Central do crescimento do PIB em 0,1%. O embusteiro Henrique Meirelles e seus apaniguados do mercado esperavam 0,3%. Mesmo assim, eles mantiveram a empáfia ao persistir na lorota de recuperação da economia quando os três resultados trimestrais deste ano mostraram, respectivamente, 1,3%, 0,7% e 0,1%. Como se vê, a economia está crescendo igual rabo de cavalo: para baixo.
Dourando a pílula
É por demais sabido que tais resultados foram forjados em cima de iniciativas como liberação de fundos do FGTS, exportações de automóveis e de commodities. Do ponto de vista da vida das pessoas, principalmente das mais pobres, o inferno se apresenta, por um lado, na forma do desemprego, subemprego e da violência desbragada dos aparelhos repressivos do velho Estado, e por outro, pelo vertiginoso crescimento da delinquência, no campo e na cidade, na falta e baixa qualidade dos serviços de saúde, educação, transporte, segurança e no crescente déficit habitacional. Nada bate com o baluartismo da escroqueria de Meirelles.
A alardeada redução da taxa de desemprego é forjada ao se incluir nos dados oficiais o trabalho informal e a contratação dentro da nova legislação trabalhista, na qual o trabalhador, seja temporário ou intermitente, terá o registro em carteira no valor do salário de fome.
Achaque à Previdência
O monopólio de imprensa, com seus economistas pagos para mentir descaradamente, abre seus veículos para previsões puramente especulativas, incrementando a chantagem, ao afirmarem que a retomada do crescimento econômico depende da “reforma da Previdência”, como meio de fazer o seu desejo se transformar em realidade. Daí o avanço que Meirelles quer praticar contra a Seguridade Social.
Meirelles e Temer focaram na Previdência com o objetivo de tirar dessa verdadeira mina de ouro os recursos para servir à banqueirada internacional. Na maior cara de pau, assaltaram o Tesouro para bancar uma milionária campanha - junto aos monopólios de imprensa - para iludir as pessoas, assacando inverdades contra os servidores públicos e sonegando informações sobre suas fontes de arrecadação. Tudo com o propósito de vender gato por lebre.
Em nota técnica de setembro de 2010, o Sindicato dos Auditores Fiscais (Sindifisco) revelou a composição da arrecadação da Previdência Social: “Detalhadamente, as fontes de custeio para as despesas da seguridade social são as seguintes:
• Contribuições dos empregadores e trabalhadores para a Seguridade Social – INSS, incidente sobre a folha de salários;
• Contribuição para o financiamento da Seguridade Social (COFINS), incidente sobre a receita e o faturamento das empresas;
• Contribuição Social Sobre o Lucro das Pessoas Jurídicas (CSLL), incidente sobre o lucro das empresas;
• Receitas de concursos de prognósticos;
• do importador de bens ou serviços do exterior”.
Tanto o Sindifisco quanto a própria CPI da Previdência na Câmara dos Deputados demonstraram a falsidade da tese sobre uma Previdência Social deficitária. Eles mostraram que o déficit é provocado pelo contingenciamento do orçamento, causados por favorecimentos por meio de renúncia fiscal e leniência com grandes devedores, entre outros.
Duas caras
Enquanto o monopólio de imprensa ganha rios de dinheiro para defender os propósitos de Temer e Meirelles sobre a fantasia da retomada do crescimento econômico, alguns de seus economistas “dão uma no cravo e outra na ferradura”, pois já visualizam a impossibilidade de tal retomada a curto ou médio prazo, como anunciado pela quadrilha.
Na edição de 7 de dezembro do jornal Folha de S. Paulo, o colunista Vinicius Torres Freire, referindo-se a que o povo não vê melhora na situação, afirma: “Além de lerda, quase parando, a recuperação é amarga para o povo miúdo”. E resume seu texto declarando que “a política da recuperação econômica vai muito além da medida do PIB. A coisa ainda está enrolada”.
Na mesma seção a colunista Laura Carvalho, fazendo uma comparação entre as três grandes recessões desde 1984 até 2017, escreveu o artigo intitulado Recuperação da economia será a mais lenta da história. Examinando os dados das duas recessões anteriores a colunista conclui que “Para que a recuperação fosse finalizada, como nas recessões de 1981-83 e 1989-92, em sete trimestres, a economia teria que crescer 6,6% em um ano”. Como se vê, bem distante dos 0,8% previstos para este ano.
Condição semicolonial
O Brasil não tem saída a curto prazo. Podemos afirmar que, se mantida sua condição semicolonial, não há fórmula que faça o país dar ao seu povo uma vida digna e próspera. É extremamente necessário desmascarar este capitalismo burocrático, lastreado na condição semicolonial e semifeudal, preparando a revolução que dê cabo à dominação do latifúndio, da grande burguesia (frações compradora e burocrática) e ponha por terra a subjugação nacional ao imperialismo, principalmente ianque.
Não é demais afirmar que só uma Revolução Democrática, Agrária e Anti-imperialista, ininterrupta ao Socialismo, poderá construir o Brasil Novo.