Vinicius Alves1
A luta do povo palestino contra o Estado sionista de Israel se intensificou com inúmeras ações armadas e protestos após o arquirreacionário Donald Trump oficializar a transferência da embaixada ianque para Jerusalém, reconhecendo assim esta cidade como capital do Estado invasor de Israel. Ao redor do mundo têm ocorrido manifestações em solidariedade à combativa luta do povo palestino e como forma de prestar uma singela homenagem a esta luta apresentamos três poemas, que visam exaltar a heroica resistência das massas palestinas.
Oh Gaza! Em ti ardem as chamas da rebelião!
Oh Gaza! Em ti ardem as vermelhas chamas da rebelião!
Quanto heroísmo brota do seu arenoso e pedregoso chão!
Quanto sangue derramado nestas terras,
quantos séculos de batalhas sem tréguas!
Quantos pais e mães choraram pelo sangue derramado de seus filhos,
quantos amores desfeitos, quantos sonhos perdidos,
quantas alegrias sufocadas, quantas noites não dormidas.
Mas em ti indomável Gaza, em teus filhos e filhas,
a chama da liberdade flameja e crepita.
Nos corpos e mentes dos teus filhos e filhas,
pulsa vibrante o clamor pela expulsão dos vis invasores e libertação da Pátria.
Na heroica resistência e luta de teus filhos e filhas, Gaza,
há o clamor pelo histórico dia em que o Sol da soberania
irradiará pelo seu corpo, tornando o dia mais belo, forte, leve,
queimando a infame estrela azul que hoje tanto vos oprime.
No aço, ferro e fogo, assim é temperada essa juventude
Dias tormentosos pairam na Palestina.
As bombas precipitam-se sobre as suas descontínuas terras,
explosões fragmentam prédios, casas e corpos.
As bombas estilhaçam vidas e sonhos,
deixam entre os escombros tristeza, mães desoladas e crianças mutiladas.
Mas a esperança (sobre)vive, (r)existe a toda humilhação ao longo da história,
dos bombardeios, barbárie e genocídio perpetrados pela besta sionista.
Dos escombros dos seus prédios, do sangue derramado de seus filhos e filhas,
do ventre de suas mulheres, gestam-se os corpos que carregam a esperança.
Nos corpos de sua juventude, em seus rostos cobertos,
com armas e pedras nas mãos, alumiam-se as chamas da Resistência!
A dor e ódio são os pães que alimentam esses jovens em Rebelião,
que carregam o peso em seus ombros e seguram em suas mãos
a esperança de uma Nação Palestina liberta e soberana.
Relato de um jovem combatente palestino2
O que eu trago não são palavras bonitas e reconfortantes,
mas são palavras sinceras de um jovem que entregou tudo por sua gente.
Nasci entre escombros, cresci sendo odiado por um povo que invadiu a minha terra.
Todos os dias, acordo e penso que pode ser o meu último dia nessa vida,
pois a qualquer momento um míssil pode rasgar o céu azul e precipitar-se sobre a minha casa.
Os buracos das construções não são tão maiores que o buraco em meu peito.
Não consigo me divertir, não consigo dormir.
Dia e noite sinto-me aflito
com um possível bombardeio pela via área
ou uma incursão por terra.
Navios no mar, tanques na terra e helicópteros no ar,
vivem a nos fustigar, cercear e vigiar.
Falcões metálicos nos observam,
hienas fardadas nos espreitam
e tubarões mecânicos nos restringem.
Cresci sem brincar, vivi sem sorrir.
Não desfrutei a companhia de amigos.
Não gozei o sentimento de uma pulsante e vivida paixão ou as dores do Amor.
Como querem que eu não sinta ódio
por esse Estado genocida e terrorista?
Saibam que o meu ódio e minha fúria
nasceram de uma existência nessa paisagem cinza e empalidecida.
Sinto Ódio, ódio de minha pessoa e de meus antepassados
que regaram essa terra com o seu sangue.
Sinto Dor, dor de transitar entre corpos fragmentados,
dor de ver familiares e vizinhos despedaçados pelas ruas,
dor de avistar crianças inocentes mutiladas,
dor de ver seres que perambulam sem esperanças por essa vida.
Do meu profundo estado de dor, nasce a vontade de lutar.
O espírito de combate flameja em meu peito, vivifica a minha alma.
As chamas da rebeldia se alimentam do combustível que é o meu ódio.
As chamas da Rebeldia se alimentam do ódio acumulado de gerações,
daqueles que me precederam, daqueles que caminham ao meu lado por essas terras áridas e daqueles que virão depois de mim.
Querer que eu não faça nada é tentar me forçar a aceitar
a morte de milhões de meus irmãos e irmãs.
Com ou sem arma lutarei, pois só vivo na medida em que luto.
O caminho é lutar, lutar até morrer.
Luto para que as crianças tenham um futuro,
onde possam crescer, brincar e ser realmente felizes,
acompanhadas de seus pais,
que tenham um futuro e não apenas um breve presente.
Lutar pelo direito de pisar sobre essa terra
e poder dizer que é realmente nossa
e não de um invasor e saqueador estrangeiro.
Com as pedras e armas nas mãos,
com os rostos cobertos, com o medo controlado,
lanço-me junto com meus irmãos e irmãs, na tormenta contra o monstro sionista,
a nossa Intifadah foi iniciada!
Encaramos a besta de frente, deferimos-lhes golpes mortais,
vivenciamos altos e baixos, perdas e vitórias,
aniquilamentos e tombamentos, avanços e recuos,
porém a nossa luta continua
e a nossa Resistência não cessará
até o último inimigo for enxotado e a Pátria liberta.
2 - Poema inspirado em uma série de documentários e filmes como, por exemplo, Children of Gaza (Crianças de Gaza, em português), lançado em 2010, dirigido por Jezza Neumann, Fuego sobre el Mármara (Fogos sobre o Mármora, em português), de 2011, Palestine Is Still The Issue (A Palestina continua sendo a questão, em português), de 2002, produzido por John Pilger, Promisses (Promessas, em português), de 2001, dirigido por Carlos Bolado, Tears of Gaza (Lágrimas de Gaza, em português), lançado também em 2010, dirigido por Vibeke Løkkeberg.