Os ribeirinhos da comunidade de Mangabal avançam na autodemarcação do seu território tradicional, com o auxílio dos munduruku que há anos realizam a autodemarcação de seus territórios, com o intuito de garantir a posse de suas terras e coibir o avanço da invasão de garimpeiros e madeireiros. A comunidade, situada no município de Itaituba no oeste do Pará, iniciou a autodemarcação em setembro do ano passado, que tem se estendido pelos meses de dezembro e janeiro deste ano.
Sobre a aliança entre munduruku e os beiradeiros – como são conhecidos os ribeirinhos na região – o cacique Juarez Saw Munduruku afirmou à BBC Brasil: “Nós estamos sendo ameaçados da mesma forma pelos grandes projetos do governo e pelos madeireiros”. Desde 2013, ribeirinhos e indígenas se unem contra inimigos comuns, como o latifúndio e o gerenciamento federal, antes com Dilma Rousseff/PT, hoje com Michel Temer/PMDB, que pretende construir uma série de hidrelétricas na bacia do Tapajós, um dos rios mais importantes da região.
A comunidade de Mangabal integra o Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Montanha-Mangabal, abrangendo uma área de 54.443 hectares, criado em setembro de 2013 após décadas de lutas pelos ribeirinhos, que encontra-se com o processo estagnado no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Estima-se que os antepassados destes moradores tenham chegado na região na segunda metade do século XIX, travando desde então uma luta para garantir a posse efetiva das terras ocupadas.