Em uma guerra, além das operações militares, um Exército inimigo aplica contra seu oponente uma série de políticas com o objetivo de desbaratá-lo de toda estrutura que considera útil para vencê-lo.
Fotos: Ellan Lustosa
Hoje, em meio à guerra civil reacionária, o ataque contra a educação pública é, sem dúvidas, parte disso. Para aqueles que convivem sob a mira dos fuzis do velho Estado, é notável a “curiosa coincidência” de suas operações sempre ocorrerem em horários de entrada e saída nas escolas.
Se é verdade que a educação pública, como é hoje, não é nem de longe um “instrumento de libertação” como dizem alguns, também é verdadeiro dizer que privar o povo dela é ainda pior do que dar-lhe a mais frágil das educações públicas.
É uma política de Estado. As ações militares da guerra civil reacionária, hoje dirigidas pelas suas Forças Armadas, atingem em cheio a educação pública nas regiões conflagradas, onde estão os filhos do proletariado mais profundo. Aqui vão os dados:
a) Mais de 129 mil alunos de escolas e creches municipais ficaram sem aula por um ou mais dias por conta de confrontos armados. Tudo isso só no primeiro semestre de 2017. O número equivale a 20% do contingente matriculado na rede municipal do Rio de Janeiro1.
b) Em 65 dias letivos entre julho de 2016 e julho de 2017, apenas em seis deles não houve interrupção de aulas nas unidades por decorrência de confrontos ou operações de guerra da polícia2.
Dessa maneira, o velho estado, além de promover o mais bárbaro genocídio nas favelas, nega o direito à educação para um amplo contingente da juventude proletária e semiproletária.
1 Retirado do estudo “Educação em alvo: os efeitos da violência armada nas salas de aula”, da Diretoria de Análise de Políticas Públicas (DAPP) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e aplicativo Fogo Cruzado.
2 Pesquisa da Secretaria Municipal de Educação do RJ.