Os anacé têm resistido às ameaças de ataques e a criminalização de suas lideranças pelo velho Estado em conluio com latifundiários do município de Cauípe, no Ceará. Os indígenas têm recebido constantes ameaças e intimidações em razão de sua luta pelo território e pela água.
No dia 22 de fevereiro, 30 entidades e movimentos populares e democráticos lançaram uma nota de solidariedade aos indígenas do povo Anacé, no qual exigem a investigação das ameaças realizadas e a demarcação de suas Terras.
“Cerca de um mês após sofrerem duas reintegrações de posse com uso de força policial, lideranças Anacé, especialmente da Japoara e do Cauípe, localizadas no município de Caucaia, no estado do Ceará, ainda vivem sob frequentes intimidações. Há relatos de pessoas que passam em motocicletas e, usando capacetes para esconder o rosto, deixam recados que os Anacé interpretam como ameaças. Eles temem por suas vidas.”, denuncia a nota.
As reintegrações de posse mencionadas ocorreram nos dias 19 e 24 de janeiro deste ano.
No dia 19, os anacé que ocupavam uma área conhecida como Lagoa do Barro, no município de Caucaia, sofreram uma reintegração de posse realizada pela Polícia Militar do gerente estadual Camilo Santana/PT. Indígenas foram agredidos e as lideranças ameaçadas de prisão pelos policiais.
Cinco dias depois, um acampamento dos anacé foi removido violentamente com o uso de balas de borracha e spray de pimenta pela Tropa de Choque da Polícia Militar para permitir a retirada de águas do Lagamar do Cauípe, com o objetivo de abastecer as empresas do Complexo Industrial e Portuário do Pecém. Todos os barracos construídos pelos indígenas foram postos abaixo pelos policiais.
Nos últimos cinco anos, os anacé têm intensificado o processo de autodemarcação dos seus territórios tradicionais a partir do aumento de retomadas de terras do latifúndio.