Os munduruku e as comunidades ribeirinhas têm realizado uma série de manifestações contra o projeto de construção de hidrelétricas ao longo do rio Cupari, no município de Rurópolis, Pará.
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Indígenas denunciam ofensiva do velho Estado contra o Rio Pariri
A empresa Cienge, com o aval da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), busca construir quatro “Pequenas Centrais Hidrelétricas” (PCHs), além de subestações e linhas de transmissão, integrando o “Complexo Cupari Braço Leste”.
“A Semas tem nome de Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade, mas só serve mesmo para liberar licença para acabar com o nosso rio e nossa floresta”, denunciou em nota a Associação Indígena Pariri, que reúne os munduruku da região do Médio Tapajós.
O Ministério Público Federal (MPF) recomendou a suspensão do licenciamento ambiental do complexo hidrelétrico devido ao não cumprimento da consulta livre, prévia e informada junto às comunidades afetadas e da insuficiência dos estados de impactos ambientais.
A Associação Indígena Pariri desmentiu, em nota, a versão veiculada pela Cienge, em conluio com o gerenciamento estadual de Simão Jatene/PSDB, de que as PCHs “não causam impactos importantes”. Segundo a Associação, o complexo hidrelétrico vai “desmatar as florestas, vai transformar o rio em lago, vai poluir as águas e o ar. Os bichos vão sofrer e nós também vamos sentir os impactos. Só quem vai se beneficiar com isso são outras obras, como as grandes hidrelétricas, a mineração ou portos, já que é para isso que essas PCHs são feitas”.
Além dos munduruku, as hidrelétricas podem vir a afetar o modo de vida das comunidades ribeirinhas de Mangabal, Montanha, Pimentel e São Francisco. “Se barrarem o rio Cupari, logo vão querer transformar o [rio] Tapajós em lago e trazer mineradora e mais portos, grandes hidrelétricas, ferrovias, hidrovias ou qualquer projeto que possa destruir nossa terra, nosso rio e nosso modo de vida.”, frisou a Associação Indígena Pariri.
Os munduruku exigem o fim de todos esses projetos que afetam o seu modo de vida em seu território tradicional. “Esses rios são como as veias dos nossos corpos e não vamos deixar que vocês impeçam que suas águas corram livres”, afirma a Associação Indígena Pariri.
Na região dos Tapajós existe um conjunto de projetos que visa ampliar a infraestrutura de transporte e transmissão de energia para beneficiar os monopólios (nativos e estrangeiros), visando facilitar a exportação de matérias-primas, principalmente agrícolas e minerais. Vinte novos portos podem ser construídos na região que atualmente conta com seis.