“Existe na Espanha, neste momento, uma espécie de Maçonaria ultramontana chamada Opus Dei. Recruta seus membros - todos muito secretamente - entre a burguesia arquicatólica. E parte fundamental dessa organização são os professores universitários – estes, em número muito grande.”.
Universidad Complutense de Madrid
Luis Enrique Carvajal, autor de La destrucción de la ciencia en España (detalhe)
Reproduzido pelo historiador espanhol Luis Enrique Otero Carvajal em seu livro La destrucción de la ciencia en España: depuración universitaria en el franquismo, esse trecho de um documento da União de Intelectuais Espanhóis no México, escrito em 1947, expõe uma das principais faces do Opus.
A prelazia é dona das universidades de Navarra (Espanha), Santa Croce (Itália), Austral (Argentina), de La Sabana (Colômbia), Montevideo (Uruguai), de los Andes (Chile), de Piura (Peru), del Istmo (Guatemala), Monteavila (Venezuela), Panamericana (México), da Ásia e Pacífico (Filipinas) e Strathmore (Quênia). No Brasil, se faz presente na USP, Unicamp, Uerj, UFPR e, principalmente, na UFRGS.
A atuação no meio universitário é definida como prioridade em seus estatutos. O art. 2, parágrafo 2º prevê “se dedicar com todas as suas forças” para que “sobretudo os chamados intelectuais aceitem com todo o coração os preceitos de Cristo Senhor e os ponham em prática mediante a santificação da própria profissão de cada um no seio do mundo, para que tudo se conforme à Vontade do Criador”. O art. 88, parágrafo 3º diz que “a atuação profissional, as teorias sociais, políticas etc.” de cada membro da organização devem se manter “dentro dos limites da fé e da moral católica”. O 116, que eles “se ocuparão com todas as suas forças” para que “pessoas de condição intelectual que, por motivo da ciência que lhes sobra ou pelas funções que exercem ou pela dignidade de que estão investidos, têm muita importância pelo serviço que prestam à sociedade civil (...) adiram à doutrina e aos preceitos de Cristo Senhor”.
Para tanto, os membros do Opus “realizarão seu apostolado pessoal sobretudo entre seus iguais, especialmente através da amizade e da confidência mútua” (117) e “utilizarão, conforme a capacidade de cada um, os meios e iniciativas que são usuais na sociedade civil, ou seja, círculos de estudo, reuniões, encontros periódicos, sessões, conferências, cursos” (120).