Dois ativistas indígenas foram assassinados por grupos paramilitares vinculados ao velho Estado mexicano, na segunda quinzena de julho, no estado de Oaxaca. Abraham Hernández Gonzáles e Rolando Crispín López atuavam em lutas contra o latifúndio e a favor dos direitos dos povos indígenas e camponês.
Abraham Hernández González, de 42 anos, era coordenador regional do Comitê pela Defesa dos Direitos Indígenas (Codedi). Ele foi perseguido por militares encapuzados em uma caminhonete durante toda a tarde do dia 17 de julho. Hernández foi sequestrado por eles dentro do hotel onde trabalhava, localizado na comunidade Salchi, munícipio de São Pedro Pochutla. Às 18 horas e 30 minutos do mesmo dia, ele foi encontrado sem vida em um terreno baldio na comunidade Cuatunalco, a 300 metros de Salchi.
Cinco dias depois o ativista Rolando Crispín López, que era membro da Assembleia dos Povos de Álvaro Obregón e atuou em diversas frentes da luta indígena, foi assassinado a tiros enquanto saía de seu posto de guarda por um homem numa moto. Rolando era membro da polícia comunitária. O fato ocorreu no município de Juchitán. Testemunhas identificaram o assassino como Alejandro Matus Chávez, um policial municipal ativo.
O movimento ao qual pertencia Rolando trava uma luta desde 2012 em defesa do território Barra de Santa Teresa contra a empresa de energia eólica Mareña Renováveis. Em fevereiro de 2013, o povo organizou uma polícia comunitária, de modo a assegurar que o território indígena não fosse ocupado em atendimento aos interesses dos empresários. Constantemente os membros da polícia comunitária alegam sofrer perseguição política e todo tipo de agressão.
A Corrente do Povo Sol Vermelho, que atua em Oaxaca, emitiu uma nota condenando os assassinatos cometidos contra os membros de movimentos populares, no dia 25/07.
“Nós expressamos nosso repúdio mais enérgico à onda de agressões que nos últimos dias foram registradas contra vários setores do movimento popular em Oaxaca”, afirmam os militantes. E prosseguem: “Ambos os assassinatos foram perpetrados por grupos paramilitares na Costa e no Istmo de Oaxaca. Juntamente com outros ataques contra o movimento - como o desaparecimento forçado de nosso camarada, doutor Ernesto Sernas García, ocorrido em 10 de maio -, podemos dizer que o culpado destes crimes é o Estado!”.