Policiais disseram ter “confundido” a ferramenta de trabalho com arma
O jovem de 22 anos, João Victor Dias Braga, foi assassinado enquanto saía para trabalhar, em 2 de abril, na comunidade Santa Maria, na Taquara, Zona Oeste do Rio. Parentes denunciam que policiais “confundiram” a furadeira que João carregava com uma arma. Agentes do 18° Batalhão de Polícia Militar (BPM) estavam fazendo uma ação na região na tarde do crime.
O sogro da vítima, Leonardo Santos, de 40 anos, relata que a incursão policial se iniciou assim que o rapaz saiu de casa para trabalhar. “Almoçou, tomou banho, pegou as coisas dele pra ir trabalhar e começou o tiroteio.”, disse em entrevista ao Jornal O Dia.
Leonardo conta ainda que descobriu a morte de João através da internet e que os policiais criminalizaram o jovem. “Nós vimos que ele havia entrado em óbito no Hospital Lourenço Jorge, ele chegou lá como criminoso, ele foi envolvido em uma situação que ele não é.”, disse.
João Victor é descrito pelos familiares como uma pessoa tranquila, honesta e querida no bairro. “João era um menino muito tranquilo, sempre morou em comunidade e nunca usou drogas, nunca iria se envolver em nenhum tipo de facção.”, conta a namorada do jovem, Júlia Batista, também de 22 anos.
Leonardo Santos afirma que seu genro trabalhava como DJ e com montagem de andaimes com uma equipe de som.
Modus operandi militar
Mortes como essa são barbaramente comuns nas periferias do país. Em 2010, um morador do Morro do Andaraí, na Zona Norte do Rio, foi morto por agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) ao, supostamente, confundirem sua furadeira com uma arma. A família da vítima denunciou que o militar atirou sem avisar. O PM responsável pelo crime foi absolvido em 2012.