Após dez anos de luta dos camponeses na região de Arequipa contra o projeto de mineração conhecido como “Tia Maria” e após meses de protestos intensos, greves e bloqueios ao porto de cobre da região, o Ministro de Energia e Minas do Peru recuou e suspendeu por 120 dias a licença para a construção do projeto.
EFE Stringer
Camponeses marcham contra o projeto Tia Maria
A suspensão temporária ocorre semanas após o governo de Martín Vizcarra ter autorizado o emprego por 30 dias das Forças Armadas peruanas contra as greves, a paralisação do porto de Matarani e os cortes de rodovias promovidas pelos camponeses. Mesmo com tal aparato de guerra, o governo, impotente diante da decisão e da organização dos camponeses, foi obrigado a recuar.
O projeto do monopólio Southern Copper seria um investimento de 1,2 bilhão de euros que extrairia 120 mil toneladas de cobre a cada ano, sobretudo destinados à China. Apesar da conquista pontual da população local – que se opõe à construção da mineradora – os camponeses da região exigem a suspensão completa do projeto.
Os camponeses rejeitam tal projeto porque, dentre outras razões, ele tornaria inviável a produção nas terras próximas devido aos níveis elevados de poluição do solo e da água utilizados no cultivo. As mineradoras, além disso, tendem a expandir a extração e impõem sério risco de expropriar as terras dos camponeses no entorno.
Reconhecendo a combatividade dos camponeses, o governo e a empresa, desde a proposta do projeto de mineração, “garantiram” à população local que nada seria construído sem a autorização dos moradores da localidade e que, se fosse construída, não poluiria a região, onde os camponeses sobrevivem e trabalham.