No dia a dia, frenético como é típico de uma metrópole, as coisas tendem a perder sua real dimensão quando as observamos. É preciso olhar atento, observar criticamente. Todos que andam pelo Centro do Rio de Janeiro e observam atentamente vêem, como eu vi, uma cidade economicamente devastada. O número de pequenos e médios comércios que fecharam, especialmente nessa área da cidade, aumentou, e isso pode ser empiricamente constatado. Cresce também o número de famílias que moram nas ruas.
Ellan Lustosa / AND
Às dezenas, pessoas esperam em fila para conseguirem comida gratuita. Centro do RJ
É o resultado da fórmula: por um lado, famílias inteiras desempregadas e obrigadas à informalidade, sem uma renda estável e, por outro lado, os empregados submetidos a um salário real cada vez mais baixo e que tende a diminuir, visto a enorme concorrência imposta pelo desemprego. As pessoas, amedrontadas pelo fantasma cada vez mais real da miséria absoluta, guardam o pouco dinheiro que conseguem, quando conseguem, e acabam consumindo muito menos do que necessário para “aquecer” a economia. Enquanto isso, bancos têm lucros recordes; o latifúndio, idem. Essa sociedade demonstra-se perversa: a miséria e quebradeira dos trabalhadores, pequenos e médios proprietários crescem justamente porque cresce a riqueza abundante de uma minoria absoluta. É chegada a hora de mudá-la.
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O número de comércios fechados no centro da cidade é assustadoramente alto
É um país onde o modelo econômico está jogando-o num poço sem fundo. Isso cala o presidente fascista Bolsonaro com seu palavreado de “estabilidade econômica” e o governador sádico e admirador da violência de Estado contra comunidades pobres. A solução para essa situação passa por fora. O povo saberá encontrá-la.
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Homem dorme em frente à Casa Cruz, tradicional papelaria do Rio
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